domingo, 9 de outubro de 2011

Terra Quente é “resgatado” pelos GIPS “Se fosse fácil, não era para nós”.

“Quando for grande quero ser super herói”, será o pensamento de muitas crianças que sonham um dia ter super poderes. Eles não tem super poderes, e também não se intitulam como super heróis, são apenas humanos que lutam todos os dias para nos tentar proteger das chamadas “catástrofes naturais”. Vigilantes, atentos e sempre prontos para socorrer quem mais precisa, eles são os GIPS, uma força militar, considerada uma força de elite, mas sem ser elitista. Têm como símbolo um Açor pássaro escolhido não só pelo facto de ter decorrido na serra do mesmo nome (a sul da Serra da Estrela) a parte prática do primeiro curso, mas também porque esta é uma ave é de certa forma comparada a estes militares de elite, pela sua pela agilidade do seu voo poderoso por entre as árvores de um bosque. Trabalham dia e noite e apesar do cansaço que muitas vezes os assola, conseguem transmitir calma e manter um espírito de consolo de quem mais precisa. São Homens que arriscam as vidas e que de sol a sol estão em constante alerta, são os primeiros a chegar ao incêndio e fazem o ataque inicial. Todo este processo exige um enorme esforço físico e psicológico, pois são lançados na frente do fogo, mas também gratificante quando objectivo é cumprido e conseguem resolver o problema no máximo em 90 minutos. Jorge Barbosa, com apenas 28 anos é já Tenente responsável pela 7ª companhia e actua em dois postos, o da Serra de Bornes e também da Serra da Nogueira(Cova de Lua).

Tenente orgulhoso da sua equipa, Jorge Barbosa conta que “os GIPS são uma unidade que foi criada em 2005, nessa altura entendia-se que havia uma falha e alguma falta de disciplina no dispositivo no combate a incêndios. Por isso decidiu-se em conselho de ministros criar uma organização de intervenção e socorro. Os GIPS tem uma missão de protecção e socorro e são uma unidade da GNR dando também apoio ao dispositivo ao territorial, dando assim uma nova dinâmica à protecção civil”.

Com meios reciclados pelos próprios militares, esta força de intervenção consegue ser eficaz no papel que desempenham e nas tarefas que lhes foram atribuídas. Se precisam de mais meios para os ajudar a cumprir os seus objectivos? Sim, sem dúvida, no entanto, com força de vontade e espírito de sacrifício, eles são competentes para conseguir regressar a “casa” com um sorriso e com a consciência de que deram o seu melhor pelo bem da população.

Apesar das carências que tem no que toca a material de combate, eles são valentes guerreiros, que actuam 24 horas por dia, 365 dias por ano, “somos equipas muito bem organizadas e trabalhamos de uma forma eficaz, por isso posso dizer que temos recursos humanos excelentes e conseguimos assegurar o serviço que nos é pedido”, diz o Tenente.

São militares da GNR, no entanto decidiram envergar a farda de GIPS pelo amor às causas de intervenção. Depois de terem feito um curso intensivo de dois meses, onde foram postos à prova quer física, quer psicologicamente, estes militares ficaram aptos para servir o próximo. “Desengane-se quem julga que o curso por ser só de dois meses é fácil, porque não é. Estes jovens fazem provas de elevado risco, eles tem que mostrar que são capazes. Como somos os primeiros a ser chamados para intervir este curso tem como objectivo filtrar quem é capaz de desempenhar este tipo de funções, porque há um desgaste psicológico muito grande. Em dois meses de curso, é dada uma formação intensa de primeira intervenção, não só de combate a incêndios florestais mas também matérias perigosas, busca de salvamento urbano, etc.”, explica Jorge Barbosa.

Após dois anos de instalações provisórias na Serra de Bornes, estes militares tem agora novas instalações “cedidas gentilmente pela Câmara Municipal de Alfandega da Fé, este espaço é uma antiga escola primária e com o esforço de todos conseguimos fazer dela o nosso quartel”, conta o Tenente. “O espaço que estamos a ocupar na Cova de Lua foi-nos dado pelo Governo Civil, apesar de não terem essa obrigação, foi uma entidade que sempre nos apoiou”, remata Jorge Barbosa.

O Governo Civil, agora extinto, era de certa forma “ um mediador entre nós GIPS, Protecção Civil, bombeiros, policia, etc., o Governador Civil era uma figura fundamental no que toca a apoios porque sabia e conhecia as nossas necessidades, e como representante do governo no distrito era uma entidade que tutelava todas as entidades publicas porque éramos obrigados a cumprir ordens para atingirmos certos objectivos. Contudo, logisticamente para nós é uma situação contornável” termina o Tenente Barbosa

Mesmo não havendo termo de comparação, o meio aéreo no combate aos incêndios, ganha ao terrestre pela rapidez com que se chega ao local, por isso, eles são os primeiros a olhar de frente as chamas. Jorge Barbosa explica que “sempre que somos chamados de imediato, a taxa de sucesso é elevadíssima porque em média conseguimos chegar ao local em cerca de onze minutos, dessa forma e se o alerta fora dado a tempo, conseguimos resolver logo o problema, daí ser muito importante o ataque inicial”.

Enquanto analisávamos os dados relativos ao corrente verão, a equipa da 7ª companhia é chamada para terreno, um incêndio perto Valpaços. Aproximadamente uma hora depois, chegam os nossos não super heróis, com um sorriso estampado no rosto, apenas cinco homens com a ajuda de um meio aéreo conseguiram controlar e apagar o incêndio em cerca de 20 minutos. Chegaram satisfeitos e com a sensação de dever cumprido.

“Trabalhar em equipa e zelar pela segurança da mesma é o factor primordial para que as coisas corram bem. Actuamos quase sempre da mesma forma, o extintor dorsal vai à frente seguido dos batedores que quase em simultâneo vão batendo a terra e atrás segue outro extintor para se certificar que está tudo apagado. No caso especifico deste incêndio quase nem nos cansamos, fomos chamados a tempo e o mais importante foi o facto do helicóptero ter água perto”, explica o chefe de equipa.

Foi apenas mais uma manhã normal dentro da normalidade dos militares dos GIPS.

Pelo empenho, pela coragem, pelo trabalho, pela bravura, pelo desgaste físico e psicológico, por tudo isto, se fosse fácil... Não era para eles...
Fonte:

3 comentários:

Anónimo disse...

Onde é que eu já li isto?? ahhh Jornal terra quente (mirandela) edição de 1 de outubro by Cristiana Relhas!

davide costa disse...

Mais uns que se intitulam heróis mas é só quando corre bem porque quando corre mal lá está o bombeiro pronto a resolver a situação. Estou farto de ouvir em 5, 10, 15 ou 20 minutos resolvemos a situação não se lembram que os bombeiros também la estavam. Eu gostava de os ver combater certos incêndios sozinhos sem a ajuda dos bombeiros e ver em quanto tempo apagavam o incêndio. Há e um incêndio para ser dado como extinto não pode reacender, se reacende não estava extinto. Nós tivemos uma situação de um incêndio em que reacendeu onde esses senhores tinham andado.
Cada um que tire as suas conclusões.

Anónimo disse...

mensagem para davide costa:
é verdade que um incendio é dificil de apagar em 5, 10, 15 ou 20 minutos, e só com 5 elementos e quase sem material. concordo con voce, mas quantas vezes há reacendimentos em areas onde estiveram só bombeiros? con isto nao quero dizer que os bombeiros nao sejam profissionais, ao contrario. digo isto porque a qualquer profissional (bombeiros, gips, sapadores,...) pode-lhe acontecer que o trabalho feito nao dé bons resultados.
porque aconteça uma o dois vezes
nao quere dizer que sempre aconteça e que sejam maus profissionais
nao quero ir contra voçe, mas sim dar uma opinião sobre o seu comentário
obrigado