Um incêndio que deflagrou perto de Castrocontrigo, província de Leon - Espanha, esteve em curso e muito activo durante 3 dias.
A coluna de fumo era bem visível de Bragança, a 60km de distância.
Durante vários dias o combate foi renhido até que esta quarta-feira deixou de ser visível, e presumivelmente estar dominado.
Segundo o EFFIS mais 10000ha, sobretudo de pinhal, foram devastados pelas chamas.
A reportagem que se segue foi feita no primeiro dia do incêndio. Durante esse dia houve aldeias que tiveram se ser protegidas pois o incêndio aproximou-se de pelo menos quatro, sendo Castrocontrigo, Nogarejas, Quintanilla de Florez e Torneros de Jamuz.
Durante mais de 10 horas fomos acompanhando a evolução do incêndio e combate.
Perto de Puebla de Sanábria foi possível captar esta imagem.
5 Canadair´s e 2 Airtraktor´s foram utilizados nas primeiras horas do incêndio, descarregando água na frente de incêndio. A carga era feita na barragem de Valparaiso. A eficácia dos meios aéreos é questionável por falta de meios no terreno para consolidação das operações de extinção.
A Unidade Militar de Emergência já se encontrava no T.O. e a actuar.
As colunas de veículos foram-se dirigindo para as áreas limítrofes da aldeia. Várias viaturas de combate e logística foram-se movimentando.
A coordenação era assegurada pelos técnicos do Centro de extinção de fogos de Castilla e Leon.
Os pontos de água também eram escassos e muitas vezes era preciso recorrer à captação de agua diretamente dos rios.
As equipas da UME estavam pré-posicionadas aguardando a chegada do voraz incêndio perto das habitações. Os meios estavam sempre preparados e aguardava-se a chegada de maquinas de rastos para combate indireto. Praticamente nunca presenciamos combate direto efectuado pela UME.
Os Bombeiros Locais foram insuficientes, principalmente com os meios antiquados que possuíam. Nesta foto foi possível ver estes Bombeiros a abandonar este acesso justificando que a velocidade e intensidade das chamas era muito grande.
Também os meios meios de proteção civil monitorizavam e neste caso abandonaram os acessos por estarem em risco.
Várias maquinas de rastos, de vários pontos da comunidade de Castilla e Leon, foram ativadas. Só nas primeiras 6 horas de incêndio foram ativadas mais de 10 maquinas de rastos. Todas estas maquinas são de privados, mas estão aditas ao dispositivo de combate a incêndios da Comunidade de Castilla e Leon
Os populares iam-se aproximando do incêndio. Muitos pareciam incrédulos com a evolução do incêndio. Outros jogavam as mãos à cabeça calculando por alto os prejuízos. Outros teciam comentários desaprovadores das atitude das autoridades e combatentes, criticando a falta de meios e intervenção no combate direto ás chamas.
Outros tantos agarravam em machados, pás, enchadas, pulverizadores e batedores. Foram dos poucos que entraram pelos caminhos adentro e utilizaram o fogo como arma de arremesso às chamas. Foram fazendo contra-fogos na direçao contraria ás chamas que se dirigiam para as casas e quintas. Foram os que se viram a batalhar as chamas. Bem organizados iam queimando e vigiando para proteger o que era deles. Ouvia-se: "se não formos nós a proteger o que é nosso ninguem o fará", e foram bastante eficazes, pois conseguiram desviar as frentes que se dirigiam directamente para as aldeias.
Vários animais tentaram fugir às chamas, alguns conseguiam, como o Corço da imagem, outros morriam nos seus abrigos. Os asseiros largos e limpos não foram suficientes para segurar as chamas. Em certos locais devido ás projeções, noutros devido ao tamanho das chamas que tocavam os talhões passando por cima dos asseiros de 15 metros como se ali nem houvesse interrupção de combustível.
O fumo lançado para a atmosfera foi imenso. Chegamos a andar 20 km sempre debaixo do fumo, que fazia parecer um dia de céu completamente coberto e semelhante a temporal.
As chamas da cabeça do incêndio, que evoluiu com vento moderado a forte sempre a favor, era chamas enormes, vivas e vorazes. Chamas de mais 20 metros andaram em copas e faziam deflagrar os combustíveis rasteiro. Muito pinhal, privado e do estado, foi destruído. Parecia pólvora! Apesar de se notar bastante ordenamento florestal o fogo consumia tudo que estava á sua frente.
Este era um dos muitos remoinhos visíveis na frente o incêndio.
Um pequeno remoinho transformou-se num tornado. Durante alguns minutos viveu-se momentos de medo e pânico aquando da sua formação e evolução. O pequeno tornado com uma altura de mais de 100 metros arrancou pinheiros de mais de 10 metros e lançava-os nas suas imediações como se de um objecto pequeno se tratasse. A sua base em chamas arrasava o solo por onde passava, e o barulho que fazia era ensurdecedor, semelhante ou ribombar de um trovão, mas constante e enquanto tomou a sua máxima força.
Língua de fogo iniciava junto ao solo e dirigia-se para o céu.
Algumas pessoas aprontaram-se a tirar, à ultima da hora, o que podiam dos campos arriscando a sua vida e bens.
Com as primeiras horas da noite fomos-nos apercebendo da expressividade do incêndio pela libertação de luz e calor. Era expectável que com a chegada da noite e o consecutivo abaixamento das temperatura fizesse com que o incêndio abrandasse mais e fosse possível combatê-lo com mais segurança, mas isso se se verificou para a madrugada. Incrivelmente o incêndio foi-se desenvolvendo muito semelhantemente como se ainda fosse dia.
Os meios da UME não paravam de chegar. Maquinas de rastos, meios de logística e meios humanos para rendição foram chegando durante toda a noite. É muito difícil fazer uma contagem da quantidade de meios envolvidos, mas pelos menos ao 2º dia de incêndio totalizavam 800 militares e 200 sapadores florestais.
A alimentação era feita no TO para que não se perdesse tempo.
Durante a noite ainda se procedeu a combate direto e consolidação do rescaldo.
No rescaldo deste artigo deixa-se a dúvida, conhecendo a realidade em Portugal, do combate aos incêndios, e da realidade de alguns incêndios em Espanha, será que são melhores que nós?