quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Reportagem Incêndio de Castrocontrigo ESP

Um incêndio que deflagrou perto de Castrocontrigo, província de Leon - Espanha, esteve em curso e muito activo durante 3 dias.

A coluna de fumo era bem visível de Bragança, a 60km de distância.

Durante vários dias o combate foi renhido até que esta quarta-feira deixou de ser visível, e presumivelmente estar dominado.

Segundo o EFFIS mais 10000ha, sobretudo de pinhal, foram devastados pelas chamas.

A reportagem que se segue foi feita no primeiro dia do incêndio. Durante esse dia houve aldeias que tiveram se ser protegidas pois o incêndio aproximou-se de pelo menos quatro, sendo Castrocontrigo, Nogarejas, Quintanilla de Florez e Torneros de Jamuz.

Durante mais de 10 horas fomos acompanhando a evolução do incêndio e combate.

Perto de Puebla de Sanábria foi possível captar esta imagem.

5 Canadair´s e 2 Airtraktor´s foram utilizados nas primeiras horas do incêndio, descarregando água na frente de incêndio. A carga era feita na barragem de Valparaiso. A eficácia dos meios aéreos é questionável por falta de meios no terreno para consolidação das operações de extinção.

A Unidade Militar de Emergência já se encontrava no T.O. e a actuar.

As colunas de veículos foram-se dirigindo para as áreas limítrofes da aldeia. Várias viaturas de combate e logística foram-se movimentando.
A coordenação era assegurada pelos técnicos do Centro de extinção de fogos de Castilla e Leon.
Os pontos de água também eram escassos e muitas vezes era preciso recorrer à captação de agua diretamente dos rios.

As equipas da UME estavam pré-posicionadas aguardando a chegada do voraz incêndio perto das habitações. Os meios estavam sempre preparados e aguardava-se a chegada de maquinas de rastos para combate indireto. Praticamente nunca presenciamos combate direto efectuado pela UME.

Os Bombeiros Locais foram insuficientes, principalmente com os meios antiquados que possuíam. Nesta foto foi possível ver estes Bombeiros a abandonar este acesso justificando que a velocidade e intensidade das chamas era muito grande.

Também os meios meios de proteção civil monitorizavam e neste caso abandonaram os acessos por estarem em risco.

Várias maquinas de rastos, de vários pontos da comunidade de Castilla e Leon, foram ativadas. Só nas primeiras 6 horas de incêndio foram ativadas mais de 10 maquinas de rastos. Todas estas maquinas são de privados, mas estão aditas ao dispositivo de combate a incêndios da Comunidade de Castilla e Leon 

Os populares iam-se aproximando do incêndio. Muitos pareciam incrédulos com a evolução do incêndio. Outros jogavam as mãos à cabeça calculando por alto os prejuízos. Outros teciam comentários desaprovadores das atitude das autoridades e combatentes, criticando a falta de meios e intervenção no combate direto ás chamas.
Outros tantos agarravam em machados, pás, enchadas, pulverizadores e batedores. Foram dos poucos que entraram pelos caminhos adentro e utilizaram o fogo como arma de arremesso às chamas. Foram fazendo contra-fogos na direçao contraria ás chamas que se dirigiam para as casas e quintas. Foram os que se viram a batalhar as chamas. Bem organizados iam queimando e vigiando para proteger o que era deles. Ouvia-se: "se não formos nós a proteger o que é nosso ninguem o fará", e foram bastante eficazes, pois conseguiram desviar as frentes que se dirigiam directamente para as aldeias.
Vários animais tentaram fugir às chamas, alguns conseguiam, como o Corço da imagem, outros morriam nos seus abrigos. Os asseiros largos e limpos não foram suficientes para segurar as chamas. Em certos locais devido ás projeções, noutros devido ao tamanho das chamas que tocavam os talhões passando por cima dos asseiros de 15 metros como se ali nem houvesse interrupção de combustível.

O fumo lançado para a atmosfera foi imenso. Chegamos a andar 20 km sempre debaixo do fumo, que fazia parecer um dia de céu completamente coberto e semelhante a temporal.

As chamas da cabeça do incêndio, que evoluiu com vento moderado a forte sempre a favor, era chamas enormes, vivas e vorazes. Chamas de mais 20 metros andaram em copas e faziam deflagrar os combustíveis rasteiro. Muito pinhal, privado e do estado, foi destruído. Parecia pólvora! Apesar de se notar bastante ordenamento florestal o fogo consumia tudo que estava á sua frente.

Este era um dos muitos remoinhos visíveis na frente o incêndio.

Um pequeno remoinho transformou-se num tornado. Durante alguns minutos viveu-se momentos de medo e pânico aquando da sua formação e evolução. O pequeno tornado com uma altura de mais de 100 metros arrancou pinheiros de mais de 10 metros e lançava-os nas suas imediações como se de um objecto pequeno se tratasse. A sua base em chamas arrasava o solo por onde passava, e o barulho que fazia era ensurdecedor, semelhante ou ribombar de um trovão, mas constante e enquanto tomou a sua máxima força.

Língua de fogo iniciava junto ao solo e dirigia-se para o céu.
Algumas pessoas aprontaram-se a tirar, à ultima da hora, o que podiam dos campos arriscando a sua vida e bens.
Com as primeiras horas da noite fomos-nos apercebendo da expressividade do incêndio pela libertação de luz e calor. Era expectável que com a chegada da noite e o consecutivo abaixamento das temperatura fizesse com que o incêndio abrandasse mais e fosse possível combatê-lo com mais segurança, mas isso se se verificou para a madrugada. Incrivelmente o incêndio foi-se desenvolvendo muito semelhantemente como se ainda fosse dia. 

Os meios da UME não paravam de chegar. Maquinas de rastos, meios de logística e meios humanos para rendição foram chegando durante toda a noite. É muito difícil fazer uma contagem da quantidade de meios envolvidos, mas pelos menos ao 2º dia de incêndio totalizavam 800 militares e 200 sapadores florestais.
A alimentação era feita no TO para que não se perdesse tempo.
Durante a noite ainda se procedeu a combate direto e consolidação do rescaldo.

No rescaldo deste artigo deixa-se a dúvida, conhecendo a realidade em Portugal, do combate aos incêndios, e da realidade de alguns incêndios em Espanha, será que são melhores que nós?

9 comentários:

Anónimo disse...

Melhores em que?

Quando pega de arder arde em todo o lado.

Eles estão é mais bem apetrechados ao nível de meios aereos pesados, tem cerca de uma dezena afectos à força aerea, e os da INAER, anteriormente pertenciam a outra firma privada, a Cegisa.

O que nos faz falta anos são 4 ou 6 canadairs, que estiveram encomandados em 2004 e pelos vistos não foram comprados, porque o Sócrates antes quis continuar a lugar canadair's aos espanhóis da Cegisa a peso de ouro.

No que respeita a combate directo, esta corja aqui do lado são piores que cepos, arrogantes e mal educados que se fartam, para além do mais têm a mania da superioridade.

Eu sinceramente só não sei o que leva o administrador deste blog a perder tempo a mostrar um fogo em Espanha.

Teria muito mais lógica mostrar fotos de fogos em Portugal.

Eu gostava era de ver fotos dos fogos que ontem deflagraram em Alfandega, Vila Flor e na carrazeda.

Agora, um fogo em Espanha.

Who cares?

O que é demais é molestia, e sinceramente acho que já está a dar tempo de antena demais a esta gente, que não merece o minimo de consideração dos Portugueses.

De espanha, nem bons ventos, nem bons casamentos, e passo o pleonasmo, nem bons incêndios.

Cumpts.

Anónimo disse...

A culpa é do CODIS e do CONAC!! Além deste incêndio, os "boinas pretas" também são culpados dos incêndios nas Canárias, Grécia, California, entre outros!

LuísRock disse...

Paulo, muito obrigado pela foto reportagem! impressionante!!! como sempre, na vanguarda! quanto à pergunta se serão os espanhóis melhores que nós, eu digo-te que SÃO E EM TUDO! foste testemunha de fenómenos naturais impressionantes e de uma propagação fora do comum que acredito semelhante a Tavira... depois testemunhaste uma mobilização de meios absolutamente impressionante e em poucas horas: " 5 Canadair´s e 2 Airtraktor´s..." "...A Unidade Militar de Emergência já se encontrava no T.O. e a actuar" a UME mete so em meios e em efetivos os GIPS e a FEB num chinelo ( não estou a criticar estas forças Portuguesas, apenas em meios, metem mesmo!!)"...A coordenação era assegurada pelos técnicos do Centro de extinção de fogos de Castilla e Leon" não vejo técnicos florestais em muitos incêndios e a sua mobilização"... em Portugal é em geral tardia."Só nas primeiras 6 horas de incêndio foram ativadas mais de 10 maquinas de rastos" 10!!!!" 2º dia de incêndio totalizavam 800 militares e 200 sapadores florestais"... e até focaste a logística em acção coisa que me Portugal é o que nos sabemos..."A alimentação era feita no TO para que não se perdesse tempo"
então, são ou não são mesmo melhores que nós?!? não te esqueças que Portugal é o ÚNICO país da Europa mediterrânica que não tem Aviões Pesados a atuar nos incêndios florestais... obviamente que esta é apnas a minha opinião! Forte abraço e uma vez mais, obrigado!!!!

Paulo Mariano disse...

A utilização de meios aereos pesados e obviamente sempre discutivel, aqui tiveste logo no inicio 5, e contabilizaram quantos hectares ardidos? Oito mil??
Na California têm dos mais elaborados e capacitados avioes pesados de combate a incendios ( c130,ex-orions, Lockeed's, heli's ericsson e sei lah mais o que. e no entanto a area ardida, as habitações atingidas, são sempre enormes!
Na minha modesta opinião, e é apenas isso que se trata uma opinião, a grande mais valia que um meio aereoa traz é o efeito psicologico junto das populações locais, nos combatentes e na histeria da comunicação social. De resto, salvo algumas e raras excepções é apenas "teardrops falling from the sky".
Não sendo grande coisa, é certo, prefiro ter estes 4 fireBoss do que apenas 1 Canadair 215. E parecia ter sido a aposta certa na altura, ( 6 meses de governo Santana Lopes) a aquisição de 8 maquinas destas, com um preço muito inferior, mas mesmo muito, em realação aos 4 canadair's. Mas repito, é apenas uma opinião, não querendo aqui levantar nenhuma quezilia inutil.

Diogo disse...

Boas tardes! Em primeiro lugar, grande foto-reportagem! Excelentes imagens e descrição do que acompanharam, Parabéns.
Em relação à pergunta que deixam no final..

Em termos de meios aéreos, até os têm, mas a utilização destes tem que ser muito bem coordenada. Um meio aéreo sozinho a actuar na cabeça do incêndio ainda perde algum tempo até conseguir descargas eficazes (refiro-me a incêndios "de arder").

Mais, comandar ou coordenar um T.O. desta dimensão não deve ser pêra-doce. Quer pela extensão de área que o mesmo atinge, quer pela necessidade de defender povoações e bens, quer por uma cobertura eficaz das comunicações e distribuição de todos os meios no T.O.
E como se vê, neste capitulo, também falham, uma vez que na reportagem referem que faltavam meios no terreno a consolidar o trabalho dos meios aéreos.

Melhores? Não. Não somos nós, combatentes que somos melhores que outros, os fogos é que são uns piores que os outros. Os meios ajudam, mas, como alguém disse, quando toca de arder...

Cumprimentos,

Manuel Alves disse...

Não falem mal dos vossos conterrâneos de forma tão leviana.

Comparar este fogo em Espanha com o de Tavira, é comparar o imcomparavel.

As condições atmosféricas no Algarve eram extremas comparadas com esta zona de Espanha, tanto ao nivel de tempraturas, como de humidade relativa, e já não falo nos ventos cruzados caracteristicos da Serra do Caldeirão que tornam o comportamento do fogo e a sua progressão totalmente imprevisivel.

Se por ventura tivessem lido o relatório do fogo de Tavira não diziam certas enormidades, em Tavira mesmo de noite as temperaturas nunca baixaram de 20 ºC, e a humidade foi sempre muitissimo reduzida o que criou condições para a forte propagação do fogo mesmo de noite.

Os espanhóis podem estar mais bem apetrechados, só isso.

Em relação ao combate propriamente dito, não são melhores do que nós em nada, nem tão pouco ao nivel da corrdenação, onde a nossa estrutura já foi elogiada e tudo pelos Franceses, que são os tipos que melhor trabalham na europa.

A UME é uma feira de vaidades parecida com os GIPS, é o que é, tal como é dito e bem pelo autor nunca fizeram combate directo ao fogo.

Depois este fogo ardeu até não haver mais para arder, ardeu o perimetro florestal todo de Castrocontrigo, onde inclusive há um CMA permanente.

Em Espanha já houve descontrolo enorma no combate a fogos, por exemplo nos incendios da Galiza, em 2007 o que se passou só foi possivel devido ao desconttolo total na estrutura de comando como depois foi reconhecido em relatórios diversos.


Não duvido que se Portugal tivesse mei duzia de canadair's, como é dito e bem anetriormente tudo seria diferente no nosso pais.

Mais, digo-vos mais, possivelmente o incendio de tavira não teria sido nada, se no dia 18 os dois air tractor para lá activados tivessem de facto para lá ido.

Os air tractor's, Alfa 1 e 2 estavam sedeados em Vila Real, e foram activados no inicio da tarde para Tavira.

Acontece que andava um outro fogo em Sabacheira no concelho de Santarem, e os dois meios aereos foramdes viados para lá para juntar com os outros 2 que já lá estavam a operar, o Alfa 3 e 4.

E depois é o que se sabe, até ao dia 21 foi sempre a arder.

Esta informação consta do relatório de dia 10 de agosto sobre o fogo de Tavira, podem consultar.

Para alem do mais, este fogo desenvolveu-se logo em coroa, em diversas frentes, e caso não conheçam a zona, de Tavira ao Cachopo são quase 40 Km, e um VFCi demora quase uma hora a chegar lá, e em Cachopo só estava um VLCI e a brigada dos GIPS, mais nada.

Para alem do mais havia outro grande fogo em Aljezur, que tinha muitos meios alocados, onde inclusive se encontra um VFCI de Tavira e deflagraram outros fogos no Algarve durante os dias que durou o fogo de Tavira,um inclusive fez com que fossse desviados diversos meios aereos do fogo de Tavira para Castro Marim.

Por isso, antes de afirmarem certas coisas e fazerem certas comparações informem-se para não dizerem inverdades.

Os espanhóis podem ter mais meios, nomeadamente aereos, mas em termos de meios terrestres deixamo-los a anos luz, basta passar a fronteira e ver os chassos de VFCI's que eles tem na maioria dos CB deles.

Ao nivel do combate propriamente dito ou de organização nós não lhes devemos absolutamente nada.

Mas mesmo nada.

Anónimo disse...

Gastar gasóleo e perder tempo com espanhóis.

Um escandalo.

Anónimo disse...

um escandalo??? porque????

Anónimo disse...

Ò Luis Rock, também tu a bajular os espanhóis?

Muitos gostam estas abéculas de falar mal do pais deles, têm uma espécie de adoração provinciana e bacoca pela espanholada que por nós apenas nutre desdém e desprezo.

Valorizem o vosso pais, ninguém em parte nenhuma do mundo faz melhor que nós com os meios que temos. Podem assentar! Parabéns pelo novo design do blogue, está excelente.