terça-feira, 14 de agosto de 2012

MAI pede auditoria independente aos fogos

Incêndio de Tavira foi visível a quilómetros de distânciaO ministro da Administração Interna determinou hoje uma avaliação aos incêndios, que lavraram no Algarve, em julho, a uma entidade independente, devendo estar concluída até ao final de setembro.
O despacho hoje assinado pelo ministro Miguel Macedo, ao qual a agência Lusa teve acesso, surge após a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) ter entregado na sexta-feira o relatório sobre o incêndio que lavrou entre 18 e 21 de julho na Serra do Caldeirão, entre Tavira e São Brás de Alportel.
No despacho, o ministro determina que a avaliação "agora solicitada incida sobre todos os aspetos daquela ocorrência e formule recomendações e eventuais medidas corretivas a adotar no futuro".

Miguel Macedo atribui a coordenação do trabalho ao investigador e docente Domingos Xavier Viegas, presidente da Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial e responsável pelo Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais da Lousã, que poderá recorrer, para efeito de colaboração, a peritos nacionais e estrangeiros.

O trabalho, que será entregue ao ministro até ao fim do mês de setembro, deve proceder "à análise do dispositivo de intervenção e estratégia de atuação no incêndio Tavira/Cachopo/Catraia, ocorrido entre os dias 18 e 21 de julho", adianta o despacho.

Segundo o documento, a ANPC deverá disponibilizar toda a informação considerada necessária, assim como permitir o contacto com todos os intervenientes envolvidos no incêndio, além de assegurar todas as despesas, apoio administrativo e logísticos relacionados com a avaliação.

Miguel Macedo escreve, no despacho, que a ANPC procedeu, "tal como lhe foi determinado", à apresentação, no passado dia 10 de agosto, do relatório pormenorizado sobre o incêndio, descrevendo "as três fases de evolução" do fogo.

O ministro considerou ser necessário fazer uma avaliação mais profunda, tendo em conta que o relatório apresentado pela ANPC "não apresenta recomendações, nem eventuais medidas corretivas a adotar em ocorrências similares".

A Autoridade Florestal Nacional estima que os incêndios que deflagraram no Algarve, entre 18 e 22 de julho, tenham consumido uma área aproximada de 23.958 hectares, traduzindo-se em cerca de 21.562 hectares de espaços florestais.

O pedido do relatório à ANPC sobre o que aconteceu nos incêndios na região do Algarve surgiu depois de várias críticas feitas à forma como os meios de combate atuaram, tendo o comandante operacional do Comando Nacional de Operações e Socorro, Vítor Vaz Pinto, admitido que "houve falhas" no combate ao incêndio que lavrou durante quatro dias, na Serra do Caldeirão.

Fonte do MAI disse à Lusa que o ministro não recorreu inicialmente a uma entidade independente, uma vez que, na primeira fase, os factos da ocorrência são pedidos à entidade que está na posse de todos os elementos.
DN

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