quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Nos bastidores do GIPS


O dia-a-dia, as instalações recentes, estatísticas e uma mais-valia no combate aos incêndios da primeira força a chegar ao terreno.



Coragem, destreza e preparação física são apenas três dos factores essenciais e comuns a todos os elementos que integram o Grupo de Intervenção, Protecção e Socorro (GIPS). No distrito de Bragança, está sedeada a 7ª Companhia do GIPS, divida em dois pelotões. Um em Alfândega da Fé, com novo quartel, ainda não inaugurado, e com o Centro de Meios Aéreos (CMA) na Serra de Bornes, e outro instalado, provisoriamente, no Comando Territorial de Bragança, com o seu CMA na Serra da Nogueira. Ambos os pelotões dispõem de um helicóptero preparado para o combate às chamas, que, para além do piloto, leva uma brigada de 5 elementos do GIPS.Com o objectivo de melhorar a qualidade de vida dos militares, o pelotão do GIPS de Bornes assentou praça num edifício cedido pela Câmara Municipal de Alfândega da Fé, que os militares reabilitaram com o apoio da autarquia e que, actualmente, permite ao GIPS estar muito melhor instalado do que estava até à data. A mudança do pelotão verificou-se em fins de Junho e as novas instalações serão inauguradas, provavelmente, ainda, em Agosto. “Estamos sempre condicionados pelas condições meteorológicas e requisições operacionais porque o trabalho prevalece sobre tudo o resto”, avisa Jorge Castelo Barbosa, comandante da 7ª Companhia do GIPSRelativamente a Cova de Lua, os militares contaram com o apoio da Autoridade Florestal Nacional que cedeu as instalações, e financiamento do Governo Civil de Bragança para remodelar os imóveis. Actualmente, o pelotão do GIPS de Nogueira está sedeado no Comando Territorial da GNR de Bragança, mas de acordo com o tenente Barbosa, “as instalações não têm capacidade para abarcar todos os militares, nem as condições ideais de funcionamento de um pelotão com as nossas funções. Por isso, a mudança está para breve, talvez ainda durante este mês. “Não sendo tão premente a necessidade do pelotão de Nogueira mudar de instalações, optou-se por, primeiro, preparar o quartel de Cova de Lua e quando ele ficar praticamente concluído executa-se a transferência num dia ou dois”, revela. O novo quartel de Cova de Lua, sendo uma mais-valia pela sua óptima localização, junto ao Parque Natural de Montesinho, só tem uma desvantagem, segundo o tenente Barbosa, dado que “existem sérias falhas nas redes de telemóvel, o que dificulta a fluidez de comunicação”.



“Somos uma força que está bem equipada para as funções que nos são atribuídas”



Em 2009, a 7ª Companhia do GIPS efectuou 546 intervenções em incêndios florestais. Para além de outras ocorrências, não contabilizadas, como, por exemplo, missões de resgate, socorro na neve e busca de pessoas desaparecidas. Em 2010, e até 15 de Julho, a 7ª Companhia executou 88 intervenções efectivas. Entre as quais, a grande maioria saldou-se como um sucesso. Em termos de intervenções heli-transportadas, os concelhos com mais ocorrências têm sido Bragança e Vinhais, com um ligeiro pico em Mirandela. Contudo, o GIPS desempenha, sempre que lhe seja solicitado, funções policiais de apoio ao Comando Territorial, reforçando operações de fiscalização de trânsito, de buscas domiciliárias, entre outras. “Temos a missão atribuída de segurança às forças que executam esse tipo de missões. Somos bastante solicitados pelo Comando Territorial que nos diz, semanalmente, qual é que será a previsão de empenhamento. Estamos sempre prontos a intervir, quer em operações policiais, quer em operações de Protecção e Socorro”, informa o comandante da 7ª Companhia. Quanto à polémica gerada há uns meses atrás, sobretudo, no que concerne às relações com os bombeiros, o Tenente Barbosa faz questão de frisar: “Desde que estou à frente da 7ª Companhia, as relações com os Bombeiros, Protecção Civil e todas as outras entidades com que lidamos diariamente, têm sido muito cordiais e, em termos operacionais, a cooperação é a 100 por cento”.No que diz respeito ao modo de funcionamento dos dois pelotões que constituem a 7ª Companhia, ambos divididos em 3 equipas, duas estão de serviço, enquanto que uma está de folga. Das equipas em serviço, uma está de prevenção durante 24 horas, o que quer dizer que durante este tempo, a equipa deve, a qualquer momento, estar preparada para intervir com uma prontidão mínima de 10 minutos, mesmo durante a noite. Se for durante o dia, num minuto, sensivelmente, a equipa estará preparada para descolar no helicóptero. A abertura do CMA depende da altura do ano, mas a equipa que está de prevenção ao helicóptero começa a preparar-se às 7 da manhã. Passado meia hora, está na heli-pista, onde se faz um briefing com o piloto, o operador da protecção civil e toda a equipa, se verifica todo o material, a aeronave, as condições atmosféricas, as previsões, onde andará a equipa terrestre, ou seja, todo o planeamento para esse dia. A equipa do helicóptero, até ao encerramento do CMA, não se afasta da aeronave, à espera de um potencial alerta para sair. Ao pôr-do-sol, aquando do encerrar do CMA, a equipa recolhe à sede do pelotão e mantêm-se ao serviço até às 9 horas do dia seguinte. No CMA de Bornes, a equipa recolhe ao quartel de Alfândega da Fé e, no caso do CMA de Nogueira, a equipa recolhe ao Comando Territorial de Bragança, por enquanto, onde permanece pronta a intervir. Durante a noite, o helicóptero não voa e todas as intervenções do GIPS são terrestres.



“O treino físico é fulcral para o bom desempenho das nossas funções".



“Visto o GIPS ser uma força de primeira intervenção, se demorarmos uma hora a chegar ao local, dificilmente será esse o caso. O que se espera de uma força como a nossa, é que no período que exerce a sua missão, esteja no topo de forma, pelo que a Protecção Civil resguarda um pouco a intervenção nocturna”, adianta o responsável. Se a equipa que esteve no CMA e regressou ao quartel, depois de este fechar, tiver de sair para uma intervenção terrestre, outra equipa é activada, tendo, apenas, uma hora para se apresentar na sede do pelotão. Esta, poderá, logo que pronta, ser lançada para o terreno. Ainda há a hipótese da equipa que está de folga ser chamada também, o que não é frequente, mas pode, eventualmente, acontecer. A equipa que esteve no CMA, no dia seguinte, às 9 horas, continua ao serviço, mudando para terrestre. Faz a verificação do material e das viaturas, a manutenção das instalações, exercício físico e, depois, normalmente, faz uma patrulha de seis horas na altura crítica do dia, que será entre as 13 e as 19 horas. Depois de algumas averiguações, a equipa é dispensada, tendo de regressar, de novo, na manhã seguinte, por volta das 7:30 horas. Após 6 dias de serviço, uma equipa dispõe de 3 dias de folga. No entanto, todos os seus elementos terão de estar contactáveis com uma prontidão máxima de 3 horas. “Durante estes seis dias, há uma alternância dos turnos nas equipas entre as 24 e as 12 horas. É esta a exigência para os militares do GIPS, o que é bastante pesado para um militar”, expõe o comandante.Na tarde em que ocorreu este entrevista, a equipa de prevenção ao helicóptero da Serra da Nogueira foi “projectada” para Carção, onde debelou um fogo com sucesso. Já a equipa heli do CMA na Serra de Bornes, teve um alerta para o concelho de Mogadouro, que foi abortado, e o sentido da missão mudado para Mirandela, onde decorria um incêndio que lavrava com “elevada intensidade”.“Em termos operacionais, o nosso raio de acção mede-se em relação ao raio de acção do helicóptero. Assim, são medidos 35 quilómetros a partir da heli-pista e nesse raio nós fazemos a intervenção. Deste modo, os concelhos de Freixo de Espada à Cinta, de Mogadouro e de Miranda do Douro, fiquem um bocado afastados desse raio de acção. Nós intervimos na mesma sempre que solicitados. Contudo, e dado tratar-se do Parque do Douro Internacional, seria uma mais-valia arquitectar-se uma forma de cobrir esses concelhos com uma terceira aeronave”, defende o Tenente Barbosa. Uma questão já abordada pela Protecção Civil e que está, presentemente, a ser estudada. Os helicópteros têm, no mínimo, uma autonomia de 90 minutos. O tempo considerado para uma primeira intervenção. Os primeiros 20 minutos são o ataque inicial e o GIPS deve chegar ao local dentro desse limite, depois de dado o alerta. Isto vale, quer para a equipa heli, quer para a equipa terrestre. Como o distrito de Bragança tem uma vasta área de abrangência, daí a importância e a necessidade de uma terceira aeronave para cobrir com uma maior eficácia três concelhos localizados na periferia do raio de acção do GIPS.

Por: Bruno Mateus Filena
Jornal Nordeste
Foto:PFerro

1 comentário:

Anónimo disse...

isso não é bem assim como esta escrito muitas vezes NÃO são a primeira força a chegar ao teatro das operações.
e também já estive em alguns incêndios e os meios aéreos não estão a funcionar muito bem das descargas algumas são mal feitas os baldes não vão CHEIOS etc.....
eu acho que antigamente o trabalho com meios aéreos trabalhavam muito bem tanto em terra como do ar....