sexta-feira, 13 de julho de 2012

Entrevista A Voz Do Nordeste - Comandante José Fernandes C.B.Bragança


Ao comando da corporação de bombeiros de Bragança há oito anos, o Major José Fernandes, não esconde a satisfação pelos homens e mulheres com quem trabalha todos os dias, considerando que são dos melhores do país.


Voz do Nordeste (VN) – Que balanço é que faz dos seus oito anos de comando nesta corporação de bombeiros?

José Fernandes (JF) – A população de Bragança é que deve pronunciar-se, nomeadamente quem teve de utilizar os nossos serviços por diversas razões, pois se reparar acompanhamos e apoiamos as pessoas ao longo da vida, desde o nascimento até à morte.


(VN) – Mas tem corrido como esperava?

(JF) – Pessoalmente sinto-me realizado. Podemos sempre fazer melhor, mas penso que fizemos coisas boas ajudando muita gente. É certo que fica sempre alguma coisa por fazer, ou que foi feito menos bem, mas também a história é a soma daquilo que se fez e o que se podia ter evitado e nós podíamos ter evitado algumas coisas. Ainda assim, todos os dias damos o nosso melhor para tentar melhorar. Se o conseguimos ou não outros que nos julguem.


(VN) – Qual é o actual efectivo da corporação?

(JF) – O número varia entre os 120 e os 125 elementos. Felizmente todos os anos entram entre 12 a 15 novos voluntários que formam uma nova “escola”. Outros vão saindo, porque infelizmente Bragança não fixa jovens. Estamos a assistir a um fenómeno novo de emigração porque no nosso país já não há trabalho. Saliento que já temos pessoas inscritas para a “escola” que vai abrir em Outubro, o que é muito positivo, embora a nossa base de apoio sejam os assalariados. É neles que assenta a maior responsabilidade de tudo o que nós fazemos.


(VN) – Mas há uma preocupação de manter o efectivo a rondar esse número. Porquê?

(JF) – Sim é verdade. Quando cá cheguei, lutámos para que o corpo de bombeiros de Bragança fosse de tipo I, que é a classificação máxima, para isso tem que ter no mínimo 120 elementos. Esta classificação dá-nos vantagens e projecção. Para além disso também apostámos na formação e tenho a certeza que os bombeiros de Bragança são dos melhores a nível nacional. Eu conheço muitos outros corpos de bombeiros, até porque faço parte da estrutura da Liga de Bombeiros a nível nacional, e Bragança deve ter orgulho nos seus bombeiros, pois são dos melhores do país.


(VN) – Que importância tem o voluntariado?

(JF) – O voluntariado é uma componente muito importante nos bombeiros mas hoje é necessário uma base profissional que assegure o socorro 24 horas por dia, para cumprir esta missão temos um Grupo de Intervenção Permanente (GIPE) constituído por 9 elementos, uma Equipa de Intervenção Permanente (EIP) constituída por 5 elementos, 10 motoristas, 5 operadores de central, 2 administrativas e 1 auxiliar de serviços gerais. Os voluntários vêm reforçar esta instituição sobretudo aos fins-de-semana e no horário pós-laboral. Eu costumo dizer que temos mais gente das 17:00 às 09:00 do que das 09:00 às 17:00 horas o que para nós é muito gratificante pois contamos com o empenho e a dedicação de pessoas que saem do trabalho abdicando das suas horas de lazer em prol da comunidade.


(VN) – E quanto ao seu futuro à frente da corporação?

(JF) – Esta instituição tem 122 anos, nasceu na Monarquia, passou para a República (estado novo e democracia) e por cá passaram centenas de pessoas que deram o seu melhor, contribuindo para o bem-estar e segurança dos habitantes deste concelho. Eu estarei aqui enquanto as pessoas que confiaram em mim assim o quiserem. Refiro-me ao Sr. presidente da câmara e à direcção desta instituição que me requisitaram ao Exército (onde eu estava e para onde regressarei quando terminar esta missão). Aproveito para agradecer o apoio da direcção, e de todos os bombeiros que dia a dia dão o seu melhor por esta instituição, pois sem eles a minha missão seria impossível. Agradeço ainda a todos aqueles que me criticam pois ao fazê-lo contribuem para que as minhas decisões sejam mais pensadas e ponderadas e tenho a certeza que assim serão mais justas.


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