segunda-feira, 23 de julho de 2012

"Admito que os meios não tivessem chegado a tempo"

Vaz Pinto [n.r. Coordenador nacional da Proteção Civil], em entrevista ao DN, diz que só após um balanço será possível perceber "se houve, ou não, coordenação" e quais as lições a tirar em consequência dos violentos incêndios nos concelhos de Tavira e São Brás de Alportel, combatidos por mais de mil bombeiros. Mas "admito que nalguns locais os meios não tivessem chegado a tempo", conclui. 


Numa altura em que o violento incêndio florestal que devastou durante três dias os concelhos de Tavira e São Brás de Alportel se encontra em fase de "consolidação de extinção" após ter sido declarado como "dominado" no sábado à tarde, o comandante nacional de Operações de Socorro e Proteção Civil, em entrevista ao DN, embora destacando o "profissionalismo" de todos os elementos envolvidos no combate às chamas, não deixa de admitir a existência de falhas.

Porém, só no final, em face de um balanço e das lições a extrair, será possível, na sua perspetiva, perceber "se houve, ou não, coordenação". E reitera a sua total confiança no Comando Distrital de Operações de Socorro, em Faro, quando até surgem informações sobre um eventual pedido de demissão do principal responsável por esta estrutura no Algarve.

"Não é hora de fazer o balanço. O balanço faz-se no final e não durante uma operação de Proteção Civil com a complexidade que esta tem e que os algarvios bem conhecem, sabendo qual o comportamento do fogo na serra e, em particular, nesta zona da região, a velocidade de propagação quando existem condições meteorológicas como as que se fizeram sentir. Por exemplo, um técnico florestal contou-me que em duas horas foram consumidos sete mil hectares. Sobre a coordenação, não é altura de falarmos", começa por afirmar o comandante Vaz Pinto, notando que "não há memória em Portugal" de um incêndio ter mobilizado mais de mil bombeiros e outros operacionais no terreno.

"Temos de nos preparar para situações de exceção todos os dias", avisa.

Na opinião daquele responsável, o combate a este incêndio, que atingiu grande parte da Serra de Caldeirão, "foi muito difícil, atendendo a que as projeções eram feitas a quilómetros de distância e quando havia várias frentes". "E quando assim é, é preciso redefinir a estratégia e torna-se necessária uma monotorização sempre muito efetiva em face das enormes distâncias a percorrer. Tenho a certeza de que o Comando das Operações de Socorro fez o melhor possível e as decisões que tomou foram as do momento. Com os dados que tinha decidiu e não tenho qualquer dúvida de que decidiu em conformidade e sustentado em análises técnicas", sublinha ao DN Vaz Pinto, para quem "coordenar e comandar mais de mil homens não é fácil". "O controlo foi o possível e atendendo às circunstâncias muito especiais que se fizeram sentir com projeções feitas a inúmeros quilómetros de distância", considera o comandante nacional de Operações de Socorro e Proteção Civil, que não se recorda de uma "situação de tanta complexidade" como nestes incêndios.

Fonte: DN

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