sexta-feira, 9 de março de 2012

Pesquisadores concluem que massagem modifica a função celular dos órgãos

Quem costuma praticar esportes ou mesmo acompanhar competições pela televisão sabe que, após lesões causadas por alguma atividade física, a primeira providência é uma massagem no local afetado. O que ainda não se sabia era que a massagem terapêutica não serve apenas para aliviar a dor momentânea: ela pode, de fato, afetar a função celular do músculo — e fazer com que ele se recupere mais rapidamente. De acordo com pesquisadores do Instituto Buck de Pesquisa sobre o Envelhecimento (The Buck Institute For Research on Aging) e da Universidade McMaster, no Canadá, as compressões e fricções do corpo reduzem as inflamações e promovem o crescimento de novas mitocôndrias no músculo esquelético, estruturas responsáveis por queimar a energia dos alimentos para transformá-la em energia.

Além da “mudança estrutural”, a massagem funciona a partir de mecanismos biológicos semelhantes aos de remédios específicos para a dor. O trabalho foi publicado na edição de fevereiro da revista especializada Science Translational Medicine. Para chegar a essas conclusões, Mark Tarnopolsky, um dos pesquisadores envolvidos no estudo, explica que foram feitas biópsias para analizar a genética de tecidos musculares coletados do quadríceps de 11 homens jovens que haviam feito exercícios em uma bicicleta ergométrica até a exaustão muscular. Ambas as pernas foram submetidas aos exames — antes, imediatamente após, 10 minutos depois do exercício e duas horas e meia mais tarde. Apenas uma perna de cada voluntário foi massageada. “Nas duas pernas, encontramos alterações na expressão genética de 592 genes na segunda biópsia e de 1.309 na última”, explica o cinesiologista.

Ele diz que, na perna massageada, nove genes extras tiveram suas expressões alteradas. “Descobrimos que a massagem ativa a mecanotransdução (forças mecânicas que influenciam o crescimento e a forma de praticamente todos os tecidos e órgãos do corpo), o que potencializa a biogênese mitocondrial”, resume. Tarnopolsky frisa ainda que, durante a pesquisa, ele e sua equipe descobriram também que a redução da dor proporcionada pela massagem pode envolver o mesmo mecanismo de drogas anti-inflamatórias convencionais. Outra surpresa foi que a massagem, ao contrário do que se costuma acreditar, não ajudou a diminuir o ácido lático dos músculos machucados.
Fonte: Correio Braziliense

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