Cerca de 80 bombeiros saíram em 2013 das corporações do distrito de Vila Real, a maior parte dos quais para emigrar, um número que é classificado como “preocupante” pelo presidente da Federação Distrital de Bombeiros.
A crise económica e a falta de oportunidades de trabalho em Portugal estão a levar muitos bombeiros voluntários a deixarem os quartéis e procurarem novas oportunidades de vida no exterior.
Só no distrito de Vila Real, das 26 corporações existentes saíram 80 voluntários em 2013, menos do que em 2012, ano em que emigraram cerca de 170, mas ainda assim um número que o presidente da federação local, Fernando Queiroga, considerou “preocupante”.
“Por aqui se vê que tem havido uma sangria muito forte destes concelhos do interior. Não há empregos, não há investimento, não há políticas públicas viradas para o interior e as pessoas não têm onde ganhar o seu dinheiro e têm que emigrar”, salientou o responsável.
As saídas devem-se, em muitos casos, às dificuldades em arranjar emprego neste território.
Segundo Fernando Queiroga, a maioria dos bombeiros emigrantes possuem idades compreendidas entre os 20 e 30 anos.
Estas saídas representam, para o responsável, um grande prejuízo para as corporações, até porque se trata, na maior parte dos casos, de “bombeiros com muita formação e há muito no ativo”.
Para compensar as saídas, muitas corporações apostam no recrutamento de novos voluntários.
É o que está a fazer a corporação da Cruz Verde, de Vila Real, a qual, segundo o comandante Miguel Fonseca, perdeu 15 bombeiros desde 2012.
Mas, mais do que com o número de saídas, o responsável mostrou-se preocupado “com a experiência que se perdeu”.
“Porque estamos a falar de muitos ‘bombeiros feitos’, com anos de experiência e alguns deles, inclusive, graduados. O grande problema é a experiência que se perde”, afirmou à Lusa.
Miguel Fonseca referiu que a Cruz Verde promove todos os anos uma escola de recrutas para formação de novos elementos.
A de 2014 arranca em abril e já conta com a inscrição de cerca de uma dezena de inscritos.
“Mas, com estes novos elementos, dificilmente conseguimos recuperar a experiência que se perdeu dos elementos mais velhos que saíram”, salientou.
Apesar disso, segundo acrescentou, a Cruz Verde tem conseguido captar alguns bombeiros de outras corporações e que se deslocam dos meios mais rurais do distrito para a cidade de Vila Real.
Miguel Fonseca referiu que a formação de um novo elemento “demora pelo menos ano”.
Durante este período, os recrutas têm formação teoria, prática, fazem depois um exame final e ainda têm de estagiar cerca de meio ano para efetivarem a sua promoção.
“Andamos sempre em processos de aprendizagem. Quando temos os nossos bombeiros formados, quando eles têm mais conhecimento, eles vão embora. Estamos num processo contínuo de formação que nos custa muito”, afirmou o presidente da Federação Distrital.
A Cruz Verde possui 115 elementos, espalhados pelo comando, quadro ativo e estagiários. As 26 corporações do distrito contam com 1.071 bombeiros.
Fonte: jornaldamadeira
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