A excepção poderá ser a região da Serra da Estrela e o Alto Minho. Especialistas destacam efeitos negativos da falta de prevenção na altura em que se assinalam seis meses sobre o lançamento da petição sobre a gestão do fogo, que defende a criação de um corpo profissional de bombeiros florestais e a adopção de medidas preventivas.
O próximo Verão deve ser mais calmo em termos de fogos florestais no Norte e Centro do país, prevê o investigador em fogos florestais da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) Paulo Fernandes.
“Atendendo àquilo que ardeu no ano passado no Norte e Centro, este Verão, em princípio, vai ser relativamente calmo, abaixo da média, em termos de área ardida”, explica à Renascença, alertando para a excepção que pode ser a “região da Serra da Estrela e o Alto Minho”.
Quando ao Sul, Paulo Fernandes afirma que “é sempre imprevisível porque há muito menos fogos, mas há condições para haver grandes incêndios. Pode acontecer um daqueles incêndios de 20 mil hectares, como o de Tavira, em 2012, ou pode não acontecer absolutamente nada”.
O investigador sublinha, por outro lado, a falta de prevenção de fogos em Portugal. “O principal problema dos incêndios é a incapacidade dos decisores políticos de entender os problemas estruturais, ou pelo menos de os encarar, de concretizar medidas que vão de encontro aos problemas e não aos sintomas”, alerta.
A juntar à falta de prevenção, o investigador do Centro de Investigação e de Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB) destaca as “dificuldades estruturais da floresta”.
“Há problemas relacionados com o território: a maioria das propriedades são minifúndios, o que conduz a pouca expectativa de rendimento (devido aos incêndios) e cria um ciclo vicioso. As pessoas não investem porque consideram que o investimento não compensa”, salienta, acrescentando que outro problema prende-se com o uso das chamas pela população rural, uma prática que ocorre durante todo o ano, sem precauções, “e que conduz, variadas vezes, a incêndios florestais”.
O investigador defende também que o sistema de defesa da floresta contra incêndios em vigor deverá, “para funcionar melhor”, apostar numa “maior integração entre os três pilares, cuja responsabilidade está repartida por três instituições: vigilância e detecção (GNR), prevenção (Instituto da Conservação da Natureza e Florestas) e combate (Autoridade Nacional de Proteção Civil).
Os alertas do especialista surgem na altura em que se assinalam seis meses sobre o lançamento da petição sobre a gestão do fogo, que defende a criação de um corpo profissional de bombeiros florestais e a adopção de medidas preventivas de incêndios.
A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), sediada em Vila Real, investiga os incêndios de forma contínua desde 1983.
Fonte: RR
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