Há falta de material clínico e medicação nas unidades de saúde transmontanas e a crise pode vir a agravar a situação. A denúncia é feita pelos bastonários das Ordens dos Médicos e dos Enfermeiros.
A bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Maria Augusta de Sousa, disse à Lusa que já abriu um espaço na página da Internet para os profissionais denunciarem casos concretos e a o bastonário da Ordem dos Médicos pretende fazer a mesma solicitação à classe “se os problemas não forem resolvidos”.
Um caso concreto ocorreu na semana passada, no Centro de Saúde de Freixo de Espada à Cinta que, segundo a Lusa, não tinha morfina para assistir um doente urgente que teve de aguardar pelo helicóptero do INEM, há uma semana.
A Administração Regional de Saúde do Norte confirmou à Lusa a ruptura de stock de morfina na unidade de saúde, alegando que “foi uma situação ocasional” que “já está normaliza”.
Esta unidade de saúde é dotada anualmente com “cinco unidades de morfina em função da média de necessidades e não tem havido necessidade de aumentar”.
De acordo ainda com a fonte, “até à semana passada só tinham sido gastas três”, mas surgiram outros tantos doentes a necessitar do medicamento e não só se esgotou o stock como já não havia morfina para o último.
A morfina é usada em situações de “dor aguda, traumatismo ou edema agudo do pulmão”, como explicou à Lusa o bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, que critica o que considera “uma gestão completamente errada dos stocks”.
O bastonário da ordem dos Médicos adiantou ainda que os médicos “cada vez sentem mais dificuldades” como “problemas de acesso a material”, que, “a não serem resolvidas”, obrigarão a uma intervenção junto do Ministério da Saúde.
De acordo com o bastonário, “os problemas de acesso a material médico obrigam a um esforço imenso para que não afecte a prestação de cuidados e não prejudique os doentes, mas a manterem-se os cortes previstos, será impossível evitar”.
José Manuel Silva alerta que “basta atentar no anúncio público de que a Roche iria suspender o fornecimento de alguns medicamentos a alguns hospitais, medicamentos que são essenciais e não têm substituto”.
“Se não houver um olhar diferente para a saúde, o que se encontra absolutamente no limite, os doentes irão começar a ser objectivamente prejudicados”, acrescentou.
Contactado pela Brigantia, Vítor Alves, o director executivo do Agrupamento de Centros de Saúde do Nordeste, sem gravar declarações, afirmou que ainda não conseguiu confirmar a existência deste caso.
No entanto, confirmou que às vezes há atrasos na distribuição de medicamentos e material, mas nunca foi constatada uma “ruptura continuada”.
Escrito por Brigantia
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