quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Desordenamento Florestal Prejudica "Eficácia" no Combate ao Fogo



Eugénio Sequeira, da Liga de Protecção da Natureza, considera que "depois do fogo estar forte, com uma frente larga e avanço, os bombeiros que se ponham na mata para tentar apagar o fogo são suicidas".

O desordenamento florestal torna impossível a eficácia dos bombeiros no combate aos incêndios, se chegarem ao local mais de 20 minutos após o início do fogo, diz Eugénio Sequeira, da Liga de Protecção da Natureza (LPN).

O especialista considera, em declarações à agência Lusa, que "depois do fogo estar forte, com uma frente larga e avanço, os bombeiros que se ponham na mata para tentar apagar o fogo são suicidas".

Nestas circunstâncias, "não é possível apagar um fogo a não ser nas estradas alcatroadas", salientou, acrescentando que, "se houver um dia quente com vento, não há nada a fazer".

Eugénio Sequeira recordou que, após 2003, quando se registaram grandes incêndios e a área ardida ultrapassou 400 mil hectares, o tempo de chegada das primeiras equipas de bombeiros ao local reduziu-se a menos de um terço e "houve um esforço notável" para aumentar a eficácia, a vigilância durante o Verão "melhorou muito", tal como a organização dos sistemas de combate. 
  
No entanto, a biomassa aumentou porque cada vez há menos agricultura e o desordenamento florestal agravou-se.  
  
"Não há descontinuidade nem ordenamento e todas as tentativas políticas são de desordenar", criticou o especialista da Liga para a LPN.  
  
As preocupações de Domingos Patacho, da Quercus, vão no mesmo sentido. "Há falta de apoio às políticas de prevenção, à gestão da floresta e corte de alguns matos, nomeadamente junto às infra-estruturas, caminhos, estradas e casas, para reduzir o risco de afectação de pessoas e bens."  
  
As redes viárias municipais e nacionais devem ter faixas de gestão de combustíveis, o que inclui cortar os matos, como estipula a lei, "e isso não se verifica em grande parte das situações", salientou o ambientalista.
  
"O problema é que quando não se cumpre, normalmente não acontece nada, não há propriamente uma penalização por incumprimento das medidas de prevenção, 
da defesa da faixa contra incêndios", alertou o técnico da Quercus.   
  
Manter estas faixas de segurança "tem um custo que pode ser elevado", reconheceu, mas na sua ausência, quando há um incêndio, "é muito mais difícil" combater o fogo e o risco para os bombeiros "é maior".   
  
Por isso, "devia aplicar-se mais investimento na prevenção para reduzir a área ardida e a intensidade dos incêndios", frisou Domingos Patacho, acrescentando que "há alguns pirómanos a pôr fogos, mas também há muita negligência", como beatas de cigarro atiradas na beira da estrada.  
  
No início de agosto, a Quercus pediu à Procuradoria-Geral da República o apuramento de responsabilidades pelo incumprimento das acções de prevenção e fiscalização previstas na lei e denunciou a "incúria das administrações locais e central" e a ausência de corredores sem vegetação, de dez metros em cada lado das vias de comunicação e de 50 metros à volta das casas.  
  
O último relatório sobre incêndios indicava que, até final de Julho, o fogo consumiu uma área de quase 18 mil hectares, perto de um quarto da área ardida em igual período de 2012.
Fonte: RR

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