quinta-feira, 17 de maio de 2012

Liga lamenta 'rude golpe' para bombeiros e doentes

O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses lamentou hoje a publicação em Diário da República da portaria que autoriza veículos de passageiros a transportar doentes não urgentes, considerando que é um "rude golpe" para bombeiros e utentes.

Em declarações à Agência Lusa, Jaime Marta Soares afirmou que «o que vier a acontecer será responsabilidade do Ministério da Saúde», defendendo que «os doentes merecem outro tratamento».

A portaria hoje publicada, que entra em vigor no dia 1 de Junho, cria a figura de veículo de transporte simples de doentes (VTSD), destinado a doentes não urgentes, cuja situação clínica não faz prever a necessidade de cuidados de saúde durante o transporte.

«Isso não é transporte de doentes, é meter os cidadãos de qualquer maneira em carros que se podem comprar em qualquer concessionário. E à chegada ao hospital, são levados às cavalitas ou metidos numa empilhadora? Não há comparação possível com o serviço de alta qualidade e especializado prestado pelos bombeiros», argumentou.

Jaime Marta Soares considerou que, com esta medida, o governo «economiza uns euros» mas sacrifica uma «parceria essencial» que, nos últimos anos, manteve com os bombeiros portugueses, que foram investindo em equipamentos e formação de recursos humanos.

«Infelizmente, o governo esqueceu-se disso tudo», e agora abriu a porta a que os doentes sejam transportados, «sem qualquer rigor e garantias de qualidade», reiterou.

Mesmo com muitas corporações «a vender equipamentos» e em situação de «falência técnica», os bombeiros «continuarão a fazer tudo, até a inventar, para servir as suas comunidades, porque nasceram a partir delas», salientou.

O Governo considera que, face às características apontadas, o VSTD tem associado «um custo mais reduzido para o SNS e também para os doentes que não beneficiem de transporte, com encargos, total ou parcialmente, cobertos pelo SNS».

O recurso a ambulâncias de transporte individual deve ser justificado pelo médico assistente, refere a portaria, adiantando que este regime já é praticado em diversos países europeus.
Lusa/SOL

Sem comentários: