segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Mente saudável, coração idem

Você pode achar que as doenças do coração estão relacionadas apenas com a falta de cuidado com a saúde física – como sedentarismo, dieta ruim, tabagismo e exagero alcoólico. Afinal, esses hábitos aumentam os riscos de pressão alta, ataques cardíacos, acidentes vasculares cerebrais (AVC) e outros problemas cardiovasculares. Mas é bom ficar atento: seus pensamentos, atitudes e emoções podem ser tão nocivos para o coração quanto os maus hábitos acima.

A falta de cuidados com a saúde mental pode levar à problemas de coração, mas o lado bom de cuidar da própria mente é se tornar consciente de que é preciso fazer mudanças no estilo de vida e talvez ajudar sua família a fazer o mesmo.

Um estilo de vida saudável é o melhor caminho para diminuir os riscos de problemas cardíacos ou mesmo gerenciar de forma adequada uma condição já diagnosticada, mesmo quando há fatores de risco impossíveis de serem contornados, como idade, gênero e histórico familiar.

Mas fazer essas mudanças nos hábitos do dia a dia não são fáceis. Ter que deixar de lado suas comidas favoritas, se agendar para fazer exercícios diariamente e tomar medicação – quando necessário – pode fazer com que você tenha a impressão de perder controle sobre sua própria vida.

É preciso disciplina para introduzir novos hábitos no seu estilo de vida. Sair da dieta ou fumar um cigarro escondido enquanto ninguém está olhando é um alívio momentâneo, mas não ajuda na melhora da saúde no longo prazo.

Aprender a lidar com as pressões diárias

As doenças do coração têm outras ligações com a saúde mental que você deve observar. O stresse prolongado ligado à problemas domésticos, no trabalho ou em outros ambientes em que você vive e convive, pode incidir diretamente sobre o nível da sua pressão sanguínea. E assim como outras condições de saúde, o estresse pode variar os sintomas de acordo com as pessoas. Algumas podem até mesmo se sentir motivadas quando stressadas, assim como outras podem sentir o mesmo stresse como algo insuportável.

Aprender a lidar com o stresse é algo que vai se refletir diretamente na saúde do seu sistema cardiovascular. Pesquisas mostram que pessoas stressadas que sentem raiva ou se demonstram irritadas com mais facilidade têm maior risco de terem um ataque cardíaco. O stresse, aliás, pode ser mais impactante na saúde do que o cigarro, a pressão alta e os níveis de colesterol ruim.

Uma espiral descendente

Além de tudo isso há ainda o transtorno depressivo, que pode ser traduzido como um sentimento persistente de tristeza e desespero que contribui pra o isolamento social. Nas formas mais severas, a depressão não só aumenta o risco de doenças cardíacas como piora uma condição pré-existente.

Estudos mostram que aproximadamente 20% de todas as pessoas vão passar ao menos uma vez pela experiência ruim de episódio de de depressão, mas entre as pessoas com problemas cardíacos esse número sobe para 50%. Os “cardíacos” em geral também têm três vezes mais chances de desenvolverem a depressão do que a população sem a condição.

Além disso, as mulheres diagnosticas com depressão têm mais que o dobro de chances de desenvolver problemas cardíacos arteriais ou sofrer um ataque cardíaco. Já pessoas com maior sentimento de felicidade são mais propensas a terem altos níveis de fibrinogen e cortizol no sangue, o que diminui o risco de problemas no coração.

Sem tratamento a depressão pode levar não só ao ataque cardíaco mas também a problemas como um AVC. Esses problemas podem aparecer, em média, até 10 anos após o primeiro sintoma de depressão.

A depressão pode tornar difícil também a recuperação após um ataque cardíaco, AVC ou uma cirurgia cardíaca. Quanto maior o impacto da proximidade com a morte na saúde mental de uma pessoa, maior o tempo necessário para recuperação e mais difícil que o sentimento de medo diminua.

Isso normalmente leva a maiores níveis de depressão, ansiedade, isolamento social e piora na autoestima. De acordo com estudos dos Institutos Americanos de Saúde Mental (NIMH), mais de 65% dos pacientes com histórico de doenças coronarianas, e que tiveram ataque cardíaco, desenvolvem o transtorno depressivo.

Como essas emoções negativas não são algo dentro do padrão considerado normal, esses pacientes deve sempre ser tratados mais rápido possível. Isso porque, caso o quadro se torne um episódio de transtorno depressivo maior, a recuperação é ainda mais difícil e pode piorar seus problemas de saúde física. A depressão prolongada de pacientes com doenças cardiovasculares se mostrou um fator de risco para um ataque cardíaco subsequente aos primeiros problemas.

O que é possível fazer?

Os problemas do coração são condições sérias e que necessitam de monitoramento constante. Portanto, há diversas ações que os pacientes devem estar cientes para atenuar os riscos de mais problemas ou mesmo de morte:

• Falar com seu médico, sabendo que as pessoas são diferentes e mesmo informações que poderiam passar desapercebidas podem ser importantes para reduzir o risco ou refinar estratégias que poderiam causar mais mal do que bem.

• Evite tentar resolver todos os problemas de uma vez. Foque em pequenas mudanças, uma de cada vez, começando, por exemplo, pela alimentação, depois exercícios e assim por diante. Tenha em mente também objetivos claros e trabalhe para resolvê-los em um determinado tempo.

• Não ignore os sintomas da depressão. Sentimentos de tristeza e vazio constantes e a perda de interesse em atividades antes prazeirosas, assim como a diminuição na energia diária e problemas alimentares ou para dormir, são alguns dos sinais de alerta da depressão. Se algum desses sintomas persistirem por mais que duas semanas, alerte seu médico sobre esses problemas e peça a indicação de um psicólogo.

• Identifique a fonte de seu estresse e trace estratégias – sozinho ou com a ajuda de um terapeuta – para diminuir e gerenciar o impacto sobre sua saúde mental. A visita a um psicólogo pode ajudar, como vimos, a prevenir problemas do coração e além disso a diminuir o tempo de recuperação após um episódio de internação.

• Fale com seus amigos, familiares e mesmo colegas de trabalho sobre seus problemas. Algumas empresas têm até mesmo um psicólogo que pode ajudar você a lidar melhor com algo que você sente estar errado.

• Se você se sente sobrecarregado pelo desafio de fazer mudanças no seu estilo de vida que contribuirão para uma melhora na sua saúde mental, novamente, um psicólogo pode lhe ajudar. Traçar estratégias para um objetivo como esse também vai ajudá-lo a lidar com outras situações no dia a dia. Além disso, caso você tenha outros problemas de saúde mental ele também vai identificar e ajudar você a superá-los.

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