quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Municípios querem plano para enfrentar nevões e cheias

Estradas fechadas, crianças que não podem ir às escolas, acessos interrompidos. É um cenário que se repete cada vez mais nos municípios do interior norte e centro do País quando há queda de neve. Por isso, os autarcas defendem a existência de um "plano global da protecção civil e em colaboração com os municípios". As temperaturas vão continuar a descer e prevê-se queda de neve no Alentejo.

"Têm vindo a aumentar as situações problemáticas com a queda de neve e chuva intensa, que tem a ver com as alterações climáticas. E tem estado em cima da mesa a possibilidade de negociar um plano global para fazer face a estes problemas, em articulação com os bombeiros, GNR e municípios", disse ao DN Jaime Soares, dirigente da Associação Nacio- nal de Municípios Portugueses (ANMP) para a protecção civil.

É que, esclarece o Ministério da Educação, "não são as escolas que fecham devido ao mau tempo, são os alunos que não aparecem nos estabelecimentos de ensino". O dirigente da ANMP explica que "os nevões implicam uma estratégia de segurança e, nalguns casos, sobretudo em zonas de montanha, o melhor é mesmo encerrar as estradas para não correr riscos".

Jaime Soares sublinha que qualquer iniciativa a nível do Ministério da Administração Interna tem de ter em conta a experiência dos autarcas, "que é quem tem a responsabilidade de gerir o território". A proposta ainda não chegou à tutela, mas fonte da Autoridade Nacional de Protecção Civil refere que "a entrada em vigor da Directiva Operacional Nacional N.º 1 constitui um instrumento de planeamento, organização, coordenação e comando operacional em matéria de Operações de Protecção e Socorro". E dá o exemplo do Plano Operacional Nacional da Serra da Estrela, "que se assume como um instrumento proactivo de gestão conjunta e plurianual".

Vila Real, Viseu e Guarda são os distritos onde mais se fez sentir os efeitos do primeiro nevão deste Outono. Há 20 estradas encerradas ou condicionadas e o transtorno chegou, pela segunda vez em dois dias, às escolas e 5900 alunos ficaram sem aulas.

A empresa Estradas de Portugal possui 16 máquinas de limpeza de neve para todo o País. "Não podemos querer um limpa-neves em cada quintal", diz Jaime Soares. Acrescenta: "Temos uma boa estrutura, com bombeiros e GNR, planos e equipamento."

O presidente da Associação dos Técnicos da Protecção Civil concorda com uma "actuação mais preventiva". Ricardo Ribeira diz que "há meios e planos. Mas falta agilizar procedimentos e reforçar a componente municipal nas acções de Protecção Civil".

No terreno repete-se o optimismo. "Temos tudo o que é necessário menos civismo ", diz o comandante dos bombeiros de Seia. "Há coordenação, meios para socorro, fatos térmicos e até macas de neve", explica Virgílio Borges. Só "nota" uma falha. "As pessoas não respeitam os avisos. Usam estradas fechadas e não têm civismo para respeitar as restrições."
Fonte: JN
Foto:PFerro

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