sábado, 16 de julho de 2011

Eduardo Medeiros a correr como se não houvesse amanhã

Um autêntico Forrest Gump à brigantina. Eduardo Medeiros é o veterano dos atletas de Bragança. Correr é a sua paixão. Desde os 18 anos, altura em que descobriu as corridas, tem corrido todo o país e também o estrangeiro.

Ainda recentemente esteve na Sanábria, numa prova de 20 quilómetros, por montes e vales, “em que nem víamos o chão à nossa frente”, recorda.

Já participou em diversas provas dentro e fora do país, passando diversas vezes pelo pódio. O problema são os prémios, “muito baixos”. “Já ninguém corre pelos prémios”, sublinha. E em tempos de crise, as organizações vão baixando ao que pagam e as ‘vedetas’ do nacional “vão a todas e levam tudo”.

Mesmo assim, treina diariamente para conseguir bons resultados e concilia este passatempo com o seu trabalho na construção civil e o voluntariado nos bombeiros de Bragança.

Depois de participar em diversas provas de corta-mato, maratonas e mini-maratonas, ganho o gosto às provas longas. Há poucos meses participou uma prova de 50 quilómetros, em Madrid, que lhe valeu uma subida ao pódio na categoria reservada aos atletas com mais de 55 anos (foi 3.º da geral entre 179 corredores).

Mas o atletismo acabou por ser uma segunda escolha. “Joguei futebol primeiro, até aos 18 anos”, conta. Nessa altura jogava no Mãe d’Água mas o facto de ser “muito individualista” criava conflitos com os companheiros. “Estavam sempre a dizer-me que não passava a bola. Chateei-me e meti-me no atletismo, por ser um desporto individual”, explica, entre risos.

Começou a correr e não mais parou, quase como Tom Hanks e a sua personagem no filme Forrest Gump. Mas o trabalho nem sempre deixa espaço e tempo para que a preparação seja a mais indicada para este tipo de provas. Por isso, garante que o resultado em Madrid até podia ser melhor. “Para provas destas, de 50 quilómetros, é preciso ter, antes, muitos quilómetros nas pernas. Tento fazer uns 16, coisa que não fiz este ano”, suspira Eduardo Medeiros. A falta de preparação dificultou-lhe a vida em Madrid. “Até aos 30 quilómetros ainda fui bem, porque já temos a experiência de sofrer, e ia acompanhado. Depois dos 30 perdi o comboio”, explica.

O sofrimento é mesmo um dos factores que mais salta à vista neste tipo de competições tão longas.

“Já fiz uma prova de 50 quilómetros em montanha, na serra da Freita (Arouca), que foi das piores que já fiz. Correr 50 quilómetros em montanha é diferente de correr em estrada. Aquela prova nunca mais a fiz, ainda hoje estou lesionado do joelho direito”, recorda.

Ossos do ofício e nada que o impeça de continuar a fazer aquilo que mais gosta. Eduardo Medeiros sublinha mesmo que “se ti­­vesse dinheiro, comprava uma roulotte e ia por todo o Mundo participando em provas de atletismo”.

Um sonho que não passa disso mesmo, até porque das provas só se trazem taças e diplomas. “Antigamente, sem crise, não havia tanta preocupação com o dinheiro, hoje em dia uma prova que dê como prémio 60 euros ou 70 euros, já traz os craques todos”, lamenta.
Fonte:JornalNordeste

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