O ministro da Administração Interna
determinou hoje uma avaliação aos incêndios, que lavraram no Algarve, em julho,
a uma entidade independente, devendo estar concluída até ao final de setembro.
O despacho hoje assinado pelo ministro Miguel Macedo, ao qual a agência Lusa
teve acesso, surge após a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) ter
entregado na sexta-feira o relatório sobre o incêndio que lavrou entre 18 e 21
de julho na Serra do Caldeirão, entre Tavira e São Brás de Alportel.
No despacho, o ministro determina que a avaliação "agora solicitada incida
sobre todos os aspetos daquela ocorrência e formule recomendações e eventuais
medidas corretivas a adotar no futuro".
Miguel Macedo atribui a coordenação do trabalho ao investigador e docente
Domingos Xavier Viegas, presidente da Associação para o Desenvolvimento da
Aerodinâmica Industrial e responsável pelo Centro de Estudos sobre Incêndios
Florestais da Lousã, que poderá recorrer, para efeito de colaboração, a peritos
nacionais e estrangeiros.
O trabalho, que será entregue ao ministro até ao fim do mês de setembro, deve
proceder "à análise do dispositivo de intervenção e estratégia de atuação no
incêndio Tavira/Cachopo/Catraia, ocorrido entre os dias 18 e 21 de julho",
adianta o despacho.
Segundo o documento, a ANPC deverá disponibilizar toda a informação
considerada necessária, assim como permitir o contacto com todos os
intervenientes envolvidos no incêndio, além de assegurar todas as despesas,
apoio administrativo e logísticos relacionados com a avaliação.
Miguel Macedo escreve, no despacho, que a ANPC procedeu, "tal como lhe foi
determinado", à apresentação, no passado dia 10 de agosto, do relatório
pormenorizado sobre o incêndio, descrevendo "as três fases de evolução" do
fogo.
O ministro considerou ser necessário fazer uma avaliação mais profunda, tendo
em conta que o relatório apresentado pela ANPC "não apresenta recomendações, nem
eventuais medidas corretivas a adotar em ocorrências similares".
A Autoridade Florestal Nacional estima que os incêndios que deflagraram no
Algarve, entre 18 e 22 de julho, tenham consumido uma área aproximada de 23.958
hectares, traduzindo-se em cerca de 21.562 hectares de espaços florestais.
O pedido do relatório à ANPC sobre o que aconteceu nos incêndios na região do
Algarve surgiu depois de várias críticas feitas à forma como os meios de combate
atuaram, tendo o comandante operacional do Comando Nacional de Operações e
Socorro, Vítor Vaz Pinto, admitido que "houve falhas" no combate ao incêndio que
lavrou durante quatro dias, na Serra do Caldeirão.
Fonte do MAI disse à Lusa que o ministro não recorreu inicialmente a uma
entidade independente, uma vez que, na primeira fase, os factos da ocorrência
são pedidos à entidade que está na posse de todos os elementos.
DN
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