segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Descobertos os primeiros peixes com cancro de pele

a) indivíduo com cancro em 10% da superfície do corpo; b) truta com cancro em 90% da superfície do corpo (Crédito: PLoS ONE)Investigadores da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, e do Instituto de Ciência Marinha da Austrália descobriram pela primeira vez sinais de cancro da pele em peixes selvagens.

O estudo, publicado na revista
PLoS ONE, revela a incidência de melanoma em três espécies de trutas encontradas na Grande Barreira de Coral, na Austrália, directamente abaixo do maior buraco do mundo na camada de ozono. Os peixes apresentam lesões e manchas escuras, uma versão escamosa do que seria um melanoma humano.
“Depois de eliminar outros factores como patogénios microbianos e poluição marinha, a radiação ultravioleta parece a causa mais provável do cancro”, afirma Michael Sweet, da universidade britânica.

Da captura e análise de 136 trutas, 15 por cento apresentou lesões cancerígenas na pele, sem metástases noutros órgãos. “Quando o cancro se espalhar ainda mais é de esperar que o peixe se torne bastante doente, tornando-se menos activo e possivelmente alimentando-se menos, sendo portanto menos provável que seja apanhado. Isto sugere que a percentagem real de afectados pelo cancro é provavelmente mais elevada do que a observada neste estudo”, sublinha o investigador.

Os cientistas não sabem desde quando os peixes sofrem desta doença, mas asseguram que é comum na Grande Barreira de Coral, afectando três diferentes espécies de truta. Além disso, não descartam a possibilidade de haver outras espécies em causa.

“Estudar doenças em populações de peixes selvagens é muito demorado e caro por isso é difícil dizer há quanto tempo a doença existe. No entanto, o que sabemos é que agora é generalizada na população de trutas de coral afectando três diferentes espécies deste tipo de peixe e não ficaríamos surpresos ao encontrá-la noutras espécies”, refere Michael Sweet.

As causas que explicam o aparecimento da doença, acreditam os investigadores, estão no facto da Grande Barreira de Coral situar-se directamente sob o maior buraco na camada de ozono no mundo, o que significa que a região recebe mais radiação ultravioleta do que outros lugares. Além disso, as três espécies puderam cruzar-se, dando origem a descendentes que são mais propensos ao cancro devido à perda ou mutação de genes.

Ainda não está provado se a truta com cancro representa um perigo para os seres humanos que as comam, mas um peixe com este aspecto do mercado é muito duvidoso.

 

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