sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Ajudas ainda não chegaram a quem perdeu bens e culturas no incêndio


Cinco meses depois de o grande incêndio que deflagrou em Picões, no concelho de Alfândega da Fé, ter deixado um rasto de destruição no sul do distrito de Bragança, as pessoas que viram bens e culturas dizimadas pelas chamas ainda não receberam nenhuma ajuda do Estado. Na altura, o secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural deslocou-se à região e prometeu ajuda.Certo é que até agora o único apoio que as populações afectadas pelo incêndio receberam foi das Câmaras Municipais. 

Em Alfândega da Fé, a autarca, Berta Nunes, confessa que o município teve que avançar com ajuda, porque havia pessoas a passar dificuldades.“Nós temos algumas famílias que perderam bens, são famílias carenciadas, nomeadamente famílias de pastores, que o único apoio que receberam até à data foi o apoio da autarquia, porque nós tomámos uma decisão de apoiar monetariamente as pessoas para que conseguissem comprar algum alimento para o gado”, realça a autarcaOs agricultores que viram as culturas destruídas pelo fogo são, na sua maioria, idosos, que já não têm forças para começar do zero.“O que nós temos vindo a verificar é que de facto são agricultores idosos, muitos deles tinham uma pensão baixa, mas tinham ali um acréscimo de rendimento, e agora apesar  dos apoios já não se sentem com forças para replantar e começar tudo de novo. Isto é de facto um drama”, realça Berta NunesA situação repete-se nos restantes três concelhos afectados por este grande incêndio, nomeadamente Mogadouro, Freixo de Espada à Cinta e Torre de Moncorvo.Entretanto, o governo disponibilizou um Fundo de Emergência para os municípios afectados pelo grande incêndio que afectou o sul do distrito de Bragança. No entanto, esta medida não agrada aos autarcas. 

Berta Nunes lembra que inicialmente estava previsto que os apoios fossem concedidos a cem por cento, mas entretanto os municípios tiveram a indicação de que a comparticipação é, apenas, de 60 por cento.“É evidente que se for a 60 por cento, nós não temos nenhum interesse em ir buscar mais um empréstimo, porque teremos que o pagar. E isso vai ser um constrangimento para as autarquias. Vamos ter muito menos possibilidade e capacidade de fazer tudo o que estava previsto. Entretanto, abriu uma linha PRODER que financia candidaturas a cem por cento. Em articulação com as Juntas de Freguesia vamos fazer candidaturas que em parte já se sobrepõem àquelas que tínhamos feito ao Fundo de Emergência, que é limpar caminhos, reflorestar, limpar linhas de água”, constata a autarca de Alfândega da Fé.Também em Freixo de Espada à Cinta, o PRODER vai permitir recuperar o que foi destruído pelas chamas. O vice-presidente do município, Artur Parra, diz que a área ardida se concentra na freguesia de Lagoaça“As verbas que vierem a ser concedidas é através do PRODER e, portanto, acho que se os agricultores forem ressarcidos dos seus prejuízos penso que vale sempre a pena”, salienta Artur Parra.Em Torre de Moncorvo, a vereadora Piedade Menezes assegura que o município vai recorrer às duas medidas de apoio.“Estamos agora a efectuar os estudos, no sentido de fazermos as candidaturas às ajudas de acordo com a tipologia”, garante a vereadora da autarquia.

Os municípios afectados pelo grande incêndio a recorrer ao PRODER que concede apoios a fundo perdido, no entanto só contempla os sectores agrícola e florestal.
Escrito por Brigantia

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