A horas de deixar o cargo, Duarte Caldeira fala do que fez, do que ficou por fazer e dos desafios para o novo Governo.
Duarte Caldeira considera que 2012 é um ano decisivo para o sector dos Bombeiros e da Protecção Civil.
Em entrevista á Renascença, a poucas horas de deixar de ser Presidente da Liga dos Bombeiros, Duarte Caldeira lamenta não ter conseguido forçar o Estado a criar um modelo de financiamento para o sector e diz que esse é agora o grande, e urgente, desafio que o poder político tem pela frente.
Doze anos, quatro mandatos consecutivos depois, Duarte Caldeira considera ter contribuído decisivamente para novos e melhores níveis de formação dos bombeiros e para o reforço do papel da Liga enquanto parceiro do Governo mas também admite que um dos grandes objectivos ficou por cumprir.
“Há um, que reconheço que era um objectivo e que não foi conseguido, que era de convencer os sucessivos governos da necessidade de definir um regime de financiamento específico e próprio para o sector dos bombeiros em geral” diz Duarte Caldeira.
O problema é universal, explica: “É um objectivo que está por cumprir e que de alguma maneira está nessa impossibilidade, a situação que hoje alastra um pouco por todas as corporações de bombeiros, que é a extraordinária dificuldade de financiamento para a manutenção e desenvolvimento da sua actividade”, considera.
Não só não conseguiu convencer os muitos Governos com quem teve que negociar, como acha que a situação chegou agora a um ponto crítico. A sustentabilidade de todo o sistema pode estar comprometida, caso não sejam tomadas medidas e esse é um trabalho que não pode esperar por uma legislatura.
“Diria que o final de 2012 terá de trazer uma linha de orientação para este sector e este sistema que não pressupõe, na minha opinião, qualquer ruptura. Agora necessita evidentemente de clarificações e sobretudo do poder político assumir as responsabilidades que são suas e não podem ser dos outros e, por outro lado, quando se reflecte as verbas para financiar esta actividade não se tenha, como muitas vezes os políticos têm, a ideia de que se está a fazer caridadezinha”
Duarte Caldeira espera que a nova direcção da Liga e o actual Governo, saibam encontrar soluções ao contrário do que aconteceu na última década – que foi um período de experiências: “Um período marcado decididamente estes anos pela instabilidade política que caracterizou o sector dos bombeiros e que foi marcado por três ciclos distintos, o primeiro que coincide com a extinção do Serviço Nacional de Bombeiros, o segundo com a procura do sucessor do Serviço Nacional de Bombeiros com criação do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil e, finalmente, há seis anos, a criação da Autoridade Nacional da Protecção Civil”, recorda.
Duarte Caldeira abandona amanhã o seu cargo, mas vai continuar ligado ao Organismo, uma vez que foi eleito presidente da Mesa do Congresso, nas listas de Jaime Marta Soares – o seu sucessor na liderança da Liga.
Fonte: RR
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