sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Obras paradas na barragem do Tua

As obras de construção da barragem do Tua foram suspensas ontem, por ordem da Inspecção Geral do Trabalho, na sequência de uma derrocada de pedras em que morreram três operários. As vítimas mortais tinham 41, 53 e 57 anos e residiam nas freguesias de Cotas (Alijó), Folgosa do Douro (Armamar) e Cabeceiras de Basto.

O inspector-geral de trabalho, José Luís Forte, disse ao Jornal de Notícias que “os trabalhos foram suspensos de imediato” e que enquanto aguarda que a empresa apresente um relatório sobre o acidente, para que se possa avaliar se a obra pode, ou não, ser retomada, esta será alvo de “uma inspecção rigorosa”.Consoante o resultado que for obtido, admitirá avançar para “inspecções aprofundadas em todas as barragens”.

Entretanto a EDP anunciou já a abertura de um inquérito para apurar as causas, mas para já aponta para um fenómeno natural.É mais um inquérito, a juntar ao que já está a ser feito pela Autoridade para as Condições do Trabalho que ontem esteve no local.O acidente aconteceu pouco antes das duas da tarde, quando os trabalhadores regressavam do almoço.

Otelinda Sousa, vizinha da obra, diz que foi alertada pelo aparato dos meios de socorro.“Soube porque vinha ali e senti a ambulância” conta, acrescentando que “depois perguntei o que se tinha passado e disseram-me que tinham morrido três homens. Parece que uma pedra caiu, bateu contra uma máquina e foi tudo por ali abaixo e os homens ficaram debaixo da terra”.O aparato chamou muitos curiosos, até porque no Verão já tinha acontecido um outro acidente.“Já é segunda vez que há um acidente. Da outra vez não morreu ninguém eram só feridos” refere um curioso. “Isto se calhar não fica por aqui, até ao fim da obra” afirma outro transeunte.Em conferência de imprensa que decorreu no local das obras, a EDP sublinhou que o acidente terá tido causas naturais.“Tudo indica que se trata de um aluimento natural muito similar a aluimentos que já se verificaram anteriormente na margem esquerda que é a zona onde existia a linha” explica António Ferreira da Costa.

O responsável anunciou ainda que a EDP vai prestar apoio psicológico às famílias dos trabalhadores e, eventualmente, apoio monetário.No local, a proceder às operações de resgate dos corpos estiveram cerca de três dezenas de bombeiros, de Sanfins do Douro, Alijó e Carrazeda de Ansiães.O comandante da Protecção civil de Vila Real, sublinha que foi uma operação difícil.“Foi necessário efectuar resgate de grande angulo porque dois dos corpos estavam num patamar de difícil acesso” refere Carlos Silva. Quanto à terceira vítima “apenas foi necessário remover um bloco que estava sobre o corpo recorrendo a uma máquina”.Os corpos foram transportados para o Instituto de Medicina Legal de Mirandela.

No local esteve ainda a VMER de Vila Real e o helicóptero do INEM de Aguiar da Beira.

Entretanto, ontem à noite, o secretário de Estado do Ambiente garantiu, em Alijó, que o Governo vai fazer o que for preciso para que possam ser implementadas as medidas adequadas para evitar acidentes como o que vitimou três operários da barragem de Foz Tua.

Pedro Afonso de Paulo reuniu com autarcas, elementos da protecção civil e responsáveis da EDP e a seguir fez o balanço.“O plano de segurança de obra estava em curso e reagiu nos termos daquilo que estava previsto” referem, acrescentando que “a empresa vai fazer a avaliação e vai reforçar os procedimentos para tentar assegurar as medidas adequadas para que não volte a ocorrer um acidente deste tipo”. Após a reunião, o membro do Governo fez questão de descer até à zona de obra, parando na estrada que desce de Alijó para a foz do rio Tua para observar o local do acidente, que ocorreu na margem aposta.
Escrito por Brigantia/Ansiães (CIR)

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