quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Incêndios florestais têm tendência para aumentar

Os incêndios florestais em Portugal têm tendência para aumentar nos próximos anos e a curva ascendente só poderá ser invertida se houver uma intervenção efectiva no espaço e na gestão florestal, alertou hoje um especialista.

«Houve, de facto, nos últimos anos um abaixamento do número de incêndios, mas com base nos últimos dados e nos elementos actuais, as estatísticas não apontam essa tendência de diminuição, antes o contrário», explicou Luciano Lourenço, professor e investigador do departamento de Geografia da Universidade de Coimbra, à Agência Lusa.

Durante uma conferência sobre incêndios florestais, o especialista afirmou que os mesmos resultam «de causas indirectas e complicadas», que têm a ver com a sociedade e a forma como esta se organizou. A solução, disse, passa por «intervir no espaço e na gestão florestal» de uma forma efectiva.

«É necessário intervir em todo o espaço rural e é fundamental criar condições para fixar populações no interior, porque são elas que contribuem ao longo do ano para que os incêndios florestais possam diminuir em número e também em área», defendeu o professor.

O investigador entende que a alternância política que tem acontecido nos últimos vinte anos no País «não tem permitido dar continuidade ao trabalho antes realizado», no que à área florestal diz respeito.

Luciano Lourenço alertou também para o facto de haver uma necessidade de mudança em relação ao modelo de desenvolvimento adoptado nas últimas décadas e que, no seu entender, «não corresponde às necessidades reais e actuais» do país.

«É necessário contrariar a tendência de centralizar as pessoas nas cidades e no litoral levando ao despovoamento do interior», adiantou o professor e investigador do departamento de Geografia da Universidade de Coimbra.

Luciano Lourenço participou ao final da tarde na conferência sobre incêndios florestais, a alteração da floresta portuguesa e a degradação da paisagem, promovida pela Sociedade de Geografia de Lisboa.
Lusa/SOL

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