“O fogo levou-me duas mulas, 12 cabritos, cinco cães, o cereal e o olival, todas as alfaias agrícolas e os anexos da casa”, descreve uma agricultora. Várias populações do Nordeste Transmontano ficaram com quase nada após a passagem das chamas. "Esta gente precisa de ser ajudada", apela autarca.
Uma semana depois do incêndio que atingiu quatro concelhos de Trás-os-Montes e que já é considerado o maior deste Verão, a Renascença foi ao terreno ver os prejuízos. A realidade mostra-se numa enorme mancha negra, com hectares e hectares de terra queimada e várias culturas destruídas.
No sector agrícola, nada escapou à fúria do fogo, que teve início em Alfândega da Fé e rapidamente se alastrou aos concelhos vizinhos de Mogadouro, Freixo de Espada à Cinta e Torre de Moncorvo.
À volta de Carviçais, freguesia de Torre de Moncorvo, está tudo queimado. “O azeite, este ano, pouco vai ser. Está tudo perdido”, afirma Manuel Dinis, que perdeu parte do seu sustento – o olival.
Outros perderam "amendoal, cereal e hortícolas”, salienta o presidente da junta de freguesia, José Teixeira, que reclama ajuda para quem foi atingido pelo incêndio e ficou sem as suas culturas. O autarca defende “ajudas concretas para a população de fracos recursos”.
Em Minas da Fonte Santa, concelho de Freixo de Espada à Cinta, Isaura Vicente perdeu quase tudo. “O fogo levou-me duas mulas, 12 cabritos, cinco cães, o cereal e o olival, todas as alfaias agrícolas e os anexos da casa”, relata à Renascença.
Em Estevais, no concelho de Mogadouro, os prejuízos também são incalculáveis. “Dá vontade de chorar”, diz Fernando Manuel, que perdeu olival, amendoal, sobreiros, um anexo e todas as colmeias.
“Ainda não tinha retirado o mel. Só em colmeias, o prejuízo ultrapassa os seis mil euros”, acrescenta, dando nota da destruição ambiental da aldeia onde antes existiam “várias espécies autóctones de arbustos e floresta”.
A Quinta das Quebradas foi das aldeias mais atingidas pelas chamas. Henrique Barroco ficou sem alimento para o gado. “Arderam-me dois estábulos, um atrelado carregado de feno e muitas oliveiras”, diz à Renascença. Os prejuízos foram relatados à equipa do Ministério da Agricultura, que visitou a aldeia na terça-feira e que, até ao final da semana, deve revelar os resultados da sua avaliação no terreno.
“Esta gente precisa de ser ajudada. Os prejuízos são enormes no sector agrícola e quem foi afectado é gente necessitada”, salienta o vice-presidente da autarquia de Mogadouro, João Henriques.
"Parece-nos que ardeu área demais para os meios que estiveram no terreno". O incêndio transmontano terá atingido uma área de 14.500 hectares. Proporções “demasiado grandes”, que alguns atribuem à falta de coordenação no combate.
“Compete ao Ministério da Administração Interna avaliar. A nós, parece-nos que ardeu área demais para o número de operacionais e para os meios que estiveram no terreno”, refere João Henriques, que é também o responsável pela Protecção Civil no concelho de Mogadouro, um dos atingidos pelas chamas.
Fonte:RR
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