As elevadas temperaturas, com o registo de 35 graus no interior minhoto, fizeram do dia de ontem um dos mais trabalhosos do ano.
Em Merufe, no concelho de Monção, as chamas chegaram a ameaçar algumas casas do lugar de Sernades, tendo valido a intervenção de dois helibombardeiros pesados e os 70 homens no terreno.
"Cada vez que o calor aperta ficamos com o coração nas mãos", disse ao CM Maria Adozinda, habitante de Sernades, que só descansou quando os helicópteros começaram a despejar água em força.
Situação complicada foi a que se viveu também ao final da tarde no monte do Senhor do Bom Despacho, nas freguesias de Cervães e Parada de Gatim, no concelho de Vila Verde.
Também em Padroso, Arcos de Valdevez, houve momentos de aflição, mas com o cair da noite a intensidade do fogo diminuiu e os bombeiros conseguiram dominar as chamas.
Na Póvoa de Varzim, um incêndio com duas frentes obrigou ao corte da A28 nos dois sentidos, entre as 14h00 e as 17h00, perto do nó de Estela.
O comandante dos bombeiros da Póvoa de Varzim, Alberto Aguiar, disse ao CM que as habitações e as estufas existentes perto dos focos do incêndio não estiveram em perigo e que a maior preocupação eram mesmo as chamas que lavraram nas bermas da auto-estrada.
MAIORIA DOS FOGOS NO NORTE
Mais de 180 dos 236 incêndios registados ontem pela Autoridade Nacional da Protecção Civil ocorreram na região Norte do País, com o Minho a ser a zona mais afectada. Para além dos de Merufe, em Monção, Padroso, Arcos de Valdevez e Cervães, Vila Verde, houve fogos complicados também em Ponte de Lima, Marzagão, Carrazeda de Ansiães, no distrito de Bragança, e no concelho de Cinfães, distrito de Viseu.
PALHEIROS E VEÍCULOS ARDEM
A população de Murraçã, Montemor-o-Velho, viveu momentos de pânico quando as chamas entraram no centro da aldeia e consumiram o palheiro de uma vacaria, veículos agrícolas e uma carrinha comercial. Ao tentar salvar uma das viaturas, um vizinho da exploração sofreu queimaduras num braço e foi transportado ao hospital. Um bombeiro recebeu também assistência por ter inalado fumo.
O fogo, que deflagrou às 12h21, ficou a escassos metros dos animais e matou o cão de guarda que estava preso nas imediações do palheiro, referiu a proprietária Maria Sousa. "Foi o pânico total. Fazia lembrar um filme de terror. Era fumo por todo o lado e não sabíamos onde estava a arder", descreve Licínia Pires, que mora próximo da vacaria ameaçada. Segundo António Martins, comandante distrital de Coimbra, o vento forte causou várias projecções e dificultou o combate ao fogo, que consumiu cerca de 30 hectares de floresta e ameaçou ainda as habitações. No terreno esteve uma equipa da PJ a analisar os locais onde os focos de incêndio deflagraram e tudo aponta para fogo posto.
Fonte: Correio da Manhã
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