Cientistas americanos descobriram que um composto sintético conhecido como PD 404,182 é capaz de 'dissolver' o vírus da SIDA, destruindo seu material genético. A pesquisa, liderada por Zhilei Chen, professora-assistente de engenharia química da Universidade Texas A&M, foi publicada no periódico Antimicrobial Agents and Chemotherapy.
A PD 404,182 "é uma pequena molécula viricida (que mata vírus)", diz Chen. "Quando o vírus HIV entra em contato com a substância, ele é 'quebrado' e perde o seu material genético, antes que possa injectá-lo numa célula humana."
Uma das principais vantagens de destruir o material genético é que praticamente impossibilita que o vírus crie resistência contra o composto. Bem diferente dos antirretrovirais, que atuam sobre proteínas localizadas na ‘membrana’ do vírus. Alterando essas proteínas, os vírus ganham resistência aos medicamentos. "Acreditamos que esse composto atue sobre algo comum a todos os vírus e não apenas em suas proteínas", afirma Chen.
Prevenção — Embora não represente a cura da SIDA, o composto pode ser bastante útil no futuro na forma de gel vaginal ou usado em preservativos, para prevenir a infecção pelo vírus. "Seria bastante importante nos países da África subsaariana, onde não existe cultura de uso do preservativo", diz o infectologista Alexandre Naime Barbosa, do departamento de Pesquisa Clínica da Faculdade de Medicina da Unesp.
Para Ricardo Shobbie Diaz, infectologista da Unifesp, um gel com a susbtância também seria útil se fosse usado por grupos específicos de alto risco, como casais discordantes, no qual uma das pessoas tem o vírus e a outra não.
O estudo, é bom frisar, ainda está na fase inicial. Isso significa que o composto foi testado in vitro, apenas em culturas de células contaminadas com o vírus. Somente em fases mais avançadas, que levam vários anos para ser concluídas, a substância será testada em animais (macacos com o vírus SIV, equivalente ao HIV nos símios) e em humanos.
De qualquer forma, a descoberta vem em boa hora. Um gel com a substância tenofovir, que havia apresentado resultados animadores em mulheres na África do Sul, com taxa de proteção de até 54%, teve seu teste clínico suspenso na semana passada, depois que uma comissão independente de controle de segurança de dados determinou que o gel foi ineficiente. Outra parte do teste, que usava uma pastilha de tenofovir, já tinha sido cancelada em setembro por razões semelhantes.
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