A presidente da Associação Abraço, Margarida Martins, considera que se tem apostado pouco na prevenção contra o VIH/Sida, algo que se vê numa degradação do combate ao flagelo e numa regressão para níveis semelhantes aos de há duas décadas.
«Cada vez há menos pessoas a fazer prevenção, cada vez há menos pessoas a fazer análises e achamos que devia haver no país um rastreio entre os 13 e os 63 anos, para quem quisesse, porque o que está a acontecer neste momento é que as pessoas estão a chegar aos hospitais para morrer como há vinte anos atrás», disse a responsável à margem de uma iniciativa da organização, que juntou duas dezenas de pessoas num cordão humano para comemorar o Dia Mundial de Luta Contra a Sida, na praça do Rossio em Lisboa.
A responsável lembrou que a associação comemorará o seu vigésimo aniversário no próximo ano, lamentando que não se tenha avançado mais no país no combate ao flagelo e que o grande problema tem sido mesmo a falta de aposta na prevenção.
«No fim de 20 anos temos de voltar a carga (…). O grande problema do país é não ter apostado na prevenção. Nós costumamos dizer que a prevenção não dá votos, mas dá milhões. É importante que haja uma poupança, poupança que é feita no trabalho consecutivo e na prevenção da SIDA», disse.
O cordão humano na praça do Rossio contou apenas com duas dezenas de pessoas, num dia de sol mas com pouca gente na rua, com os participantes a lamentarem a falta de adesão mas a valorizarem a importância deste tipo de actos.
«Quando lançámos o movimento, fizemos vários convites até a bastantes escolas, a universidades, a associações de estudantes para se juntarem a nos, mas a verdade é que o movimento acabou por não acontecer da forma de que gostaríamos, com maior adesão. Contudo, acho que qualquer movimento que façamos, ou qualquer passo que demos é sempre importante. O alerta que conseguimos dar por muito pequeno que seja é sempre um passo», disse Filipa Ferraz, uma das participantes no cordão e parte da organização.
A participante diz também que a sociedade ainda tem uma imagem do VIH/SIDA como «uma doença mortal dos anos 80» e que mesmo «falar sobre o VIH/SIDA é uma coisa que ainda assusta».
Mais optimista quanto ao evento, Gonçalo Lobo considera que a adesão «foi bastante boa, tendo em conta que é um feriado», mas a seu ver, «as forças políticas cada vez estão a dar menos atenção a esta questão do VIH e a sociedade em si não fala muito sobre a questão» e deixa um apelo: «É preciso ter medidas concertadas para que não haja novos casos de incidência do VIH e acho que isso é uma grande aposta que Portugal deve fazer».
Lusa/SOL
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