O presidente da Liga de Bombeiros Portugueses (LBP), Duarte Caldeira, afirmou hoje que as associações de bombeiros voluntários já cancelaram cerca de 500 contratos com bombeiros profissionais e que esse número poderá aumentar para o dobro até Abril.
“Nós estimamos que, de há um ano a esta parte, já deve andar muito perto do meio milhar o número de contratos que foram cancelados por incapacidade financeira (das Associações Humanitárias de Bombeiros) e, se nada for feito nos próximos três meses, esse valor pode duplicar”, disse.
“Se nada for feito no sentido de reverter esta situação, nós teremos uma contabilização, lá para Março ou Abril, de menos mil bombeiros profissionais nas Associações Humanitárias de Bombeiros”, acrescentou Duarte Caldeira.
O presidente da LBP falava aos jornalistas durante a apresentação da Carta de Risco da Mitrena, elaborada pela Câmara Municipal de Setúbal em pareceria com a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC).
À margem da iniciativa realizada em Setúbal, Duarte Caldeira explicou que na origem do cancelamento dos contratos de trabalho estão as alterações às regras de transporte de doentes.
“Desde que foram alteradas as regras do transporte de doentes, temos vindo a verificar, de há um ano a esta parte, uma redução substancial do número de serviços e da facturação paga pelo Ministério da Saúde aos bombeiros, ao abrigo de um protocolo celebrado em 2007 e homologado pelo secretário de estado da saúde de então”, disse.
“Desta situação tem decorrido, como consequência mais grave, a necessidade de reduzir postos de trabalho”, reiterou Duarte Caldeira, considerando que se poderá perder o grau de profissionalização adquirido nos últimos anos para responder com qualidade e prontidão ao socorro.
Duarte Caldeira reafirmou ainda que a LBP vai participar no grupo de trabalho conjunto com o Ministério da Saúde, na sequência de um acordo celebrado entre as partes a 23 de Novembro, mas defendeu a necessidade de se obterem resultados concretos, sob pena de os bombeiros avançarem para um protesto público.
“Iremos monitorizar os resultados deste grupo de trabalho na fase inicial e se as perspectivas que se apresentarem vierem a ser negativas, do ponto de vista da não reversão da situação, infelizmente - porque nunca o procurámos e sempre o evitámos - teremos de passar a uma fase seguinte, de esclarecimento massivo à população e de protesto público”, frisou.
Não especificou que forma poderia assumir o protesto público dos bombeiros, mas esclareceu que a decisão final, se for esse o caso, será tomada pelo órgão próprio da LBP.
Fonte:Publico
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