De entre as árvores e arbustos sobreviventes a um incêndio, uma certa percentagem nunca chega a recuperar por completo e existe normalmente uma diminuição no crescimento, quer devido à diminuição da fotossíntese, quer devido aos danos causados nos tecidos do tronco. Em todo o caso, muitas das plantas mais afectadas acabam, a médio prazo, por sucumbir ao ataque de pragas e doenças, como resultado do enfraquecimento das suas defesas naturais.
Nos animais
De um modo geral, os efeitos indirectos do fogo sobre as populações animais que vivem na dependência de uma determinada comunidade vegetal, que de repente deixa de existir, são bastante mais importantes que a mortalidade directamente provocada pelo fogo. Em relação à fauna do solo verifica-se, em geral, uma diminuição importante das populações das diferentes espécies que habitam nas camadas mais superficiais do solo e da manta morta. Outros grupos de insectos, como as formigas, podem, pelo contrário, ver aumentada a diversidade de espécies existente, devido à capacidade que algumas têm para colonizar o novo meio. É igualmente esta capacidade para colonizar um novo meio que leva ao aumento de algumas pragas florestais.
Este aumento das populações de insectos pode levar ao aumento da população de pica-paus e de outras aves insectívoras, como as toutinegras. Após um incêndio, as árvores mortas podem igualmente constituir locais excelentes, não só para a alimentação, mas também para a nidificação de diversas espécies de aves, tais como os chapins. Da mesma forma, a criação de espaços abertos com vegetação rasteira pode beneficiar as aves que vivem no solo, como as perdizes ou as codornizes. Pelo contrário, as espécies de aves que dependem da existência de folhas e ramos para a nidificação e alimentação são normalmente prejudicadas, sobretudo durante os primeiros anos, até à recolonização da área pela vegetação.
Em relação aos mamíferos, os efeitos de um incêndio podem igualmente variar, dependendo bastante da intensidade do fogo e da área queimada. É comum a utilização de fogo controlado em pequenas manchas, como forma de melhorar as condições de pastoreio dos veados, dada a maior diversidade de vegetação e a disponibilidade de tecidos mais tenros nas novas plantas e rebentos. No entanto, em incêndios de grande intensidade e de grande extensão, os efeitos podem ser altamente negativos sobre estas espécies, dada a repentina ausência de abrigo e de alimentação. Este tipo de efeito é bastante mais importante do que a mortalidade directa, dado que uma grande parte dos animais consegue fugir às chamas ou refugiar-se em tocas abaixo da superfície.
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