quarta-feira, 16 de junho de 2010

Roupa vai medir a saúde dos profissionais da emergência

Um bombeiro em acção está prestes a entrar em colapso depois de várias horas exposto ao calor de um incêndio. Antes que isso aconteça, a camisola que tem vestida vai enviar um sinal de alerta para o PDA ou o smartphone do líder da equipa. Imediatamente o bombeiro em stresse é localizado e substituído, prevenindo uma situação de perigo.

Este é um dos principais objectivos do projecto Vital Responder, que está a ser desenvolvido na Universidade de Aveiro no âmbito do programa Carnegie Mellon Portugal (CMU-P) e que ontem passou pela 2.a conferência anual do programa, em Lisboa. João Paulo Cunha, líder da investigação em parceria com Pryia Narasimhan, da CMU, explica ao i que a ideia é conceber um "equipamento de monitorização vestível" tão pioneiro que possa ser exportado para a Europa e a América. Os alvos desta roupa inteligente são, neste momento, os profissionais das emergências - bombeiros, polícias e paramédicos. Porquê? Vários estudos feitos nos Estados Unidos demonstram que este profissionais têm uma esperança de vida dez anos menor que o resto da população. O Vital Responder quer perceber se isso se deve ao stresse da profissão e se é possível evitá-lo.

"Nos bombeiros, o vestuário poderá medir a actividade cardíaca, o monóxido de carbono ao seu redor, os níveis de oxigénio que está a ser absorvido pelo sangue, a temperatura do corpo", diz o investigador. A ideia será ajudar a gerir melhor as equipas e perceber as características do stresse a que estão sujeitas. Será ainda integrada uma antena GPS para que um bombeiro desaparecido ou caído no chão possa ser rapidamente localizado.

Tecnologia nacional O Vital Responder, cujo desenvolvimento leva três anos e vai custar 600 mil euros, está a ser financiado pela Carnegie Mellon Portugal e pela Biodevices, uma empresa com origem na Universidade de Aveiro responsável pela tecnologia de base do projecto, o Vital Jacket. Trata-se de uma T-shirt de 350 euros que monitoriza a onda cardíaca (ECG) e está a ser usada pelos bombeiros de Amarante e Vila Nova de Gaia. Há também uma versão para desportistas e para utilização clínica, que custa cerca de 800 euros. Tudo foi de- senvolvido e fabricado em Portugal.

João Paulo Cunha refere ainda que o modo como os dados serão transmitidos continua em estudo. Nas versões actuais são guardados num disco embutido no vestuário e depois descarregados através de bluetooth, cujo alcance é curto (100 metros). No futuro a transmissão deverá ser feita por satélite, com maior alcance e mais largura de banda. Os dados serão transmitidos e analisados por um software em tempo real, "traduzindo" os números em níveis de cansaço, stresse de calor e outros indicadores-chave. O projecto, que envolve cerca de 50 pessoas, estará concluído dentro de dois anos e pronto para comercialização internacional.
Fonte: JN

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