A Quercus alerta para o aumento do risco de erosão após a precipitação elevada ocorrida neste início de outono, com o arrastamento das cinzas e do solo para as linhas de água, provocando assoreamento e degradação da qualidade das águas nas áreas afectadas pelos grandes incêndios florestais.
A preocupação é maior nos casos em que foram afetadas grandes bacias hidrográficas, como no incêndio de Picões, Alfândega da Fé, onde cerca de 15.000 hectares (15 mil campos de futebol) do vale do rio Sabor (Sítio de Importância Comunitária dos Rios Sabor e Maçãs) ficaram reduzidos a cinzas, registando-se a destruição de habitats protegidos, o arrastamento das cinzas e a erosão dos solos, com impacte negativo na qualidade da água e no assoreamento dos rios.
Na Serra do Caramulo, dada a vasta área ardida e os declives acentuados sobre os rios Agadão e Águeda, onde já foram detetados problemas com as primeiras chuvas, as autoridades deverão estar alerta para as consequências do arrastamento das terras e cinzas, monitorizando a alteração da qualidade da água junto às captações de abastecimento público. Após as primeiras chuvas, o rio Agadão ficou com coloração negra como se pode verificar nas fotografias existentes.
Os impactes na qualidade da água, devido ao arrastamento das cinzas para as linhas de água, estão associados ao aumento de nutrientes (azoto, fósforo, potássio, etc.), metais pesados e hidrocarbonetos aromáticos policlínicos, compostos que são tóxicos, pelo que deve ser efetuada uma monitorização adequada dos diversos parâmetros que permita aumentar o conhecimento disponível, bem como informação adicional sobre as medidas a tomar para minimizar estes problemas.
De salientar que a erosão dos solos após incêndio, em termos médios relativos, pode atingir os 45 a 56 toneladas por hectare, de acordo com um estudo científico. Num caso de uma área de eucaliptal que ardeu na bacia do rio Águeda foram detetados 45 toneladas por hectare de solo arrastado em menos de um ano, o que representa um valor muito elevado e é revelador da outra vertente dos impactes ambientais dos incêndios, quando se escolhem espécies de crescimento rápido pouco adequadas ao nosso território.
Lisboa, 28 de setembro de 2013
A Direção Nacional da Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza
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