O fumo proveniente dos incêndios florestais é altamente perigoso para a saúde pública, concluiu um estudo da Universidade de Aveiro (UA), que aponta para os malefícios da mistura de gases e partículas emitida pelos fogos.
O estudo foi conduzido pela investigadora Célia Alves no meio das equipas de combate aos fogos florestais, nos verões de 2009 e 2010, nos distritos de Aveiro, Viseu e Guarda.
"Verificámos que a maior parte da massa das partículas emitidas pelos incêndios é de natureza carbonosa, englobando centenas de compostos orgânicos distintos", disse hoje à Lusa Célia Alves, do grupo de Qualidade de Atmosfera do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da UA.
Entre os compostos detectados nestas partículas encontram-se os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, "de elevado potencial cancerígeno", e vários compostos fenólicos que "têm sido associados a stress oxidativo das células".
Suspensas na atmosfera e espalhadas pelo vento por vastas áreas, o tamanho das partículas garante-lhes uma entrada fácil nas vias respiratórias.
A equipa de Célia Alves chegou a detectar nas proximidades dos incêndios concentrações de 50 mil microgramas de partículas por metro cúbico de ar, quando a legislação para a qualidade do ar estipula um teto de segurança de 50 microgramas por metro cúbico.
A investigadora adianta ainda que para além dos prejuízos para a saúde, o fumo contribui em muito para alterar o clima, nomeadamente através da alteração dos padrões de precipitação, devido à actuação destas partículas na atmosfera, como núcleos de condensação de nuvens.
Para além das partículas, também os gases emitidos pelo fumo proveniente dos incêndios florestais constituem um perigo para a saúde, entre os quais, e "em quantidades apreciáveis", o monóxido de carbono "conhecido pela sua elevada toxicidade".
É também de referir que os óxidos de azotos e os compostos voláteis, depois de emitidos, reagem entre eles na atmosfera e formam um novo poluente perigoso: o ozono, "um oxidante muito forte que ataca as vias respiratórias e provoca danos nas culturas agrícolas".
Célia Alves adianta ainda que "o principal gás emitido pelos incêndios é o dióxido de carbono, o qual é um dos principais gases com efeito de estufa".
Lusa/SOL
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