Um incêndio deflagrou ontem à noite numa antiga fábrica, do complexo do Cachão, no concelho de Mirandela, que agora serve de armazém a uma empresa de papel e onde se encontravam armazenados fardos de plástico e outros resíduos. O alerta foi dado por volta das 21 horas e para o local deslocaram-se de imediato cerca de uma centena de bombeiros de várias corporações dos distritos de Bragança e Vila Real. A principal preocupação dos operacionais foi impedir a propagação do fogo às restantes fábricas do complexo que ainda estão a laborar, dado que o armazém onde começou o incêndio é contíguo a uma fábrica de transformação de castanha. Nesta altura, segundo indicação do comando distrital dos bombeiros, o incêndio está dominado e encontra-se em fase de rescaldo. Não há registo de feridos, mas o Instituto Nacional de Emergência Médica montou, por precaução, um posto avançado no local. Uma trabalhadora de uma fábrica de tintas do complexo não continha a sua revolta com a situação, tal como outros habitantes do Cachão. “Puseram aqui um reservatório de lixo à frente da fábrica e estão agora a esconde-lo por causa das eleições”, refere a trabalhadora indignada, acrescentando que “é um pó horrível que nem se consegue trabalhar mas as autoridades só se preocupam com a poluição da água”. “Isto é uma miséria que ninguém vê e quanto mais barulho se faz, mais entulho ali metem. Só se interessam agora quando veem a pouca vergonha que aqui vai”, afirma uma habitante. Também o membro da Assembleia Municipal de Mirandela pela CDU, que por diversas ocasiões alertou para os perigos que podiam advir do depósito de resíduos naquele armazém, estava desolado porque os seus apelos caíram em saco roto. “É triste ter de chegar a este ponto. Nós tentamos alertar para o que aqui estava mas o presidente da câmara de Mirandela não quis saber e foi protelando este problema, que me revolta por ter tentado alertar para o perigo que aqui estava e nada ter sido feito”, afirma Pedro Fonseca. No entanto, para um dos administradores da Agro-Industrial do Nordeste (AIN), tudo indica que este incêndio teve mão criminosa. “Temos de levar isto às autoridades competentes para investigar a origem deste incêndio porque dá a impressão que foi estudado porque está no limite do complexo”, afirma António Morgado. O antigo complexo Agro-Industrial do Cachão cessou a sua atividade, em 1992, na sequência da falência decretada pelo tribunal. Os trabalhadores foram dispensados. A maior parte do património que restou do antigo complexo foi entregue às Câmaras Municipais de Mirandela e de Vila Flor que formaram AIN, arrendaram as instalações do complexo a pequenos empresários que procederam à modernização dos equipamentos.
Atualmente, o espaço alberga cerca de uma dezena de unidades empresariais ligadas essencialmente ao setor agrícola e conta com perto de uma centena de postos de trabalho.
fotos: facebook
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