Queimação no estômago é o sinal mais comum da doença do refluxo que, diagnosticada precocemente, pode evitar inúmeras complicações de saúde. Porém, quem sofre com este problema, nem sempre a trata da maneira mais adequada, muitas vezes se automedica e acaba por disfarçar problemas ainda mais sérios.
O refluxo é um termo usado para descrever uma patologia chamada de refluxo gastro-esofágico (DRGE), que é o retorno dos alimentos e líquidos ácidos após a refeição, que também pode conter bile, do estômago para o esôfago. Causada pela exposição crônica da mucosa ao conteúdo ácido do estômago, o refluxo leva o paciente a quadros de queimação, azia, inflamação e, até mesmo, lesões mais graves, sendo que a mais comum é a esofagite. Quando o refluxo não é tratado, podem aparecer úlceras e esôfago de Barrett, uma transformação do tecido que reveste o órgão. Esta já é uma situação premaligna e pode, sem o tratamento adequado, progredir para um câncer.
Alimentação
O tipo de alimentação é uma dos fatores que causam o refluxo. Além disso, o excesso de peso também é um importante fator desencadeante do problema, porque acarreta em um enfraquecimento da válvula que impede o refluxo. Mas além da obesidade, outros eventos que aumentam a pressão intra-abdominal podem causar esse distúrbio, como a gravidez, ascite (acúmulo de líquido dentro do abdômen, conhecido por barriga d?água), pessoas muito obstipadas e que têm de fazer muita força para evacuar; hérnia de hiato e alterações motoras do esôfago ou do esfíncter gastresofágico.
Atualmente, segundo dados do Ministério da Saúde, estima-se que 12% da população brasileira sofrem de refluxo gastresofágico, o que corresponde a, aproximadamente, 4,5 milhões de brasileiros. Na maioria dos pacientes, o refluxo ocorre de forma espontânea pelo relaxamento transitório do Esfíncter Esofágico Inferior, uma barreira fisiológica que impede que os ácidos gástricos saiam do estômago. A lesão da mucosa do esôfago está relacionada com a qualidade, a quantidade e frequência do refluxo. Um fluido ácido gástrico com pH menor do que 3,9 é extremamente cáustico para a mucosa, sendo o principal agente lesivo na maioria dos casos. Em alguns pacientes, os refluxos de secreções biliares e pancreáticas podem contribuir na lesão.
Principais sintomas e prevenção
O refluxo começa com aquela sensação de queimação na "boca" do estômago, atrás do osso do peito. Já as pessoas com estenose - um estreitamento do esôfago - podem sentir muita dificuldade para engolir líquidos e todos os tipos de alimentos. São vários os sintomas associados ao refluxo: tosse, pigarro, falta de ar, engasgos noturnos e azia.
É preciso evitar alimentos ricos em xantina, como o café, o chá-mate e o chocolate, e algumas medicações para asma com esse composto. Além disso, há necessidade de moderar o consumo de molho de tomate, catchup, mostarda, molho de soja, derivados de milho e, principalmente o cigarro, porque diminui a pressão no interior do esôfago e favorece a passagem de líquido do estômago para aquele órgão. Pessoas que fumam muito apresentam vários sintomas da doença, que só diminuem quando elas abandonam o vício.
Diagnóstico e Tratamentos
Só com o histórico clínico já é possível avaliar o caso. As complicações do refluxo são investigadas com uma endoscopia digestiva alta. Existem, também, outros exames, mas são seletivos, para saber o tamanho da hérnia de hiato, avaliar as pressões do esôfago e medir a qualidade e a intensidade das contrações do órgão. O tratamento mais indicado é o chamado de dietético-postural. Entretanto, existem algumas orientações essenciais: evitar os alimentos que causam o incômodo; nunca comer e deitar em seguida - é preciso aguardar pelo menos três horas depois da refeição; levantar a cabeceira da cama alguns centímetros; perder peso; não se vestir com roupas apertadas; evitar bebidas alcoólicas e gasosas; e usar medicações que diminuem a produção de ácido pelo estômago, de acordo com a prescrição médica.
A correção do refluxo por meio cirúrgico é feita, normalmente, por laparoscopia e indicada nos casos de complicação da doença, quando o paciente já tem úlceras ou esôfago de Barrett. Também é uma solução em situações em que o paciente tem o que os especialistas chamam de intratabilidade clínica. Isso acontece quando a pessoa segue o tratamento à risca, controlando a alimentação e tomando os remédios, e não melhora ou quando a doença volta, assim que o paciente parar com a medicação.
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