Há idosos no distrito de Bragança a deixar de ir às consultas por falta de dinheiro. O Governo cortou o apoio para o transporte de doentes e as magras pensões não são suficientes para pagar um táxi ou o transporte numa ambulância. A presidente do Partido Socialista, Maria de Belém, esteve esta terça-feira em Alfândega da Fé, onde ouviu as principais queixas dos utentes. “A minha situação é ir todos os meses a tomar duas transfusões de sangue a Vila Real. Gasto vinte e tal contos, em dinheiro antigo. Não posso pagar porque é muito caro e a minha posse é pequena. Não sei como é que há-de ser a minha vida… É morrer… Mais nada”, referiu Joaquim Leitão.“Andava no Porto, depois passei para Vila Real e a ir ao Porto uma vez por ano. No ano passado não fui e este ano também não irei porque não há dinheiro… Não tinha transporte e não fui…”, acrescentou Maria Saldanha.A Câmara de Alfândega da Fé fez um inquérito à população para sinalizar os principais problemas no concelho. A autarca local garante que o que mais preocupa a população é a falta de transporte para ir às consultas. Por isso, Berta Nunes pede ao Governo para resolver este problema com urgência. “Isto tem de mudar com urgência e esta urgência que nós quisemos aqui hoje mostrar. É preciso alterar esta lei. Este despacho tem de ser revogado. Pelo menos para as pessoas que têm mais carências, que têm este tipo de pensões. Tem que haver novamente a comparticipação do estado. Se não as pessoas deixam de ir às consultas e aos tratamentos e morrem em casa! Nós não queremos que isto aconteça, nem nos podemos conformar com esta situação”, afirmou.Maria de Belém ficou sensibilizada com os relatos dramáticos dos utentes de Alfândega da Fé e comprometeu-se a levar os problemas destes utentes à Assembleia da República.“Apresentaremos medidas concretas na Assembleia da República e com certeza que articularemos com o actual Governo no sentido de acertar numa metodologia de defesa, de afirmação, de aprofundamento do Serviço Nacional de Saúde que não pode passar, como nós sabemos hoje, por aumentos de financiamentos mas tem que passar pela melhor utilização de recursos que hoje estão afectos à saúde”, declarou.As corporações de Bombeiros do distrito de Bragança também já registaram uma quebra de 50 por cento nos serviços de transporte de doentes e viram aumentar os pedidos para emergências.
Escrito por Brigantia (CIR)
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