Apesar de muito se falar de redes de interesses que provocam incêndios por razões financeiras, a Polícia Judiciária não encontra indícios nesse sentido.
As autoridades detiveram este Verão 111 pessoas por suspeita de fogo posto. É o segundo valor mais elevado dos últimos dez anos.
A Polícia Judiciária e a GNR concluem que o perfil do incendiário se mantém semelhante aos anos anteriores, mas com uma alteração significativa: são detidos suspeitos cada vez mais jovens.
“Identificámos oito ou dez menores como autores de fogo posto, rapazes com menos de 16 anos, que não são responsáveis criminalmente, como autores de incêndios. Pensamos que há um número anormal de menores nessas circunstâncias, normalmente apresentam como motivação algum fenómeno de mimetismo, por terem visto imagens que lhes sugestionou também”, explica à Renascença Rui Almeida, responsável pela directoria do Centro da Polícia Judiciária.
“Para além disso também encontrámos meia dúzia de casos de adolescentes maiores de 16 anos, já penalmente responsáveis, que também colocaram incêndios, um número também um bocado elevado relativamente a anos passados. Aqui estamos mais numa motivação de alguma revolta”, diz ainda.
Apesar do que se fala, por detrás destes casos não estão interesses económicos. É pelo menos essa a convicção da Judiciária: “A polícia aloca à investigação dos incêndios todo o arsenal de conhecimentos, em termos técnicos, humanos e materiais. Não obstante todo este investimento a PJ não encontra essas chamadas redes. Essas situações que o cidadão comum refere não aparecem de facto nos inquéritos”.
Com quase 130 mil hectares ardidos e mais de 20 mil incêndios, o ano foi trágico e reavivou o debate sobre o estado da floresta, as estratégias de combate, e o comportamento de risco dos portugueses. Mas o que ficará como marca do ano são as consequências humanas e, sobretudo, o luto que se instalou no dispositivo dos bombeiros.
Oito mortos, cerca de 60 feridos, três deles ainda internados, a que se junta a morte de três civis em cenários de incêndio.
Fonte: RR
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