"Juntaste-nos aqui, a todos, António, na grandiosa e solene Sé Catedral de Miranda, para te prestarmos uma homenagem muito sentida e genuína. Somos todos teus amigos e amigas, e vê quantos somos e te admiramos!
Tu tens essa capacidade única de nos juntares, apenas pela amizade. Só pela amizade, e é por isso que todos gostamos de ti. Sempre foste o mais alegre de todos, o mais espontâneo, o mais otimista. A tua alegria de viver contagia-nos a todos e põe-nos também alegres a todos.
Mas o que nos trouxe hoje aqui a todos é mais do que isso. É também o admirável exemplo que nos deste a todos de coragem, abnegação e resistência.
A coragem é uma das maiores virtudes dos homens, mas quando se pratica na defesa dos outros, dos seus bens e das suas vidas, revela o que de mais digno existe na condição humana, e como os homens podem ser grandes e se aproximar de Deus.
Quando a coragem se revela a fazermos o bem pelos outros, apenas pela vontade de darmos aos outros aquilo que de melhor temos, e isso se faz colocando em risco a nossa própria vida, então aquilo que fazemos é um ato de heroísmo, um ato heróico.
Dizia ontem o jornal mais lido de Portugal que foste um herói, e é essa a palavra que define o que fizeste. Sim, tu és um herói, porque sacrificaste a tua vida pelos outros, e é assim que todos te vamos recordar para sempre. É isso que nos traz aqui, é essa tua grandeza que admiramos. Que admirável exemplo nos deste e nos ensinaste!
Aqui em Miranda todos temos o sentido da coragem, da valentia, dos que não têm medo, mesmo no tempo em que a nossa cidade foi destruída pela guerra, quando defendíamos Portugal.
Também tu resististe até ao fim, em combate, sem medo, como um herói.
É por isso que tu não te vais embora e ficarás sempre connosco, como um exemplo de vida. De Humanidade.
Quando venho a Miranda espero sempre pela tua mão grande e forte para te cumprimentar, mas agora que as tuas mãos foram consumidas a lutares por mim e por todos nós, continuarei a ver-te sempre.
Ver-te-ei nos rostos corajosos dos Mirandeses, sentir-te-ei na alegria das manhãs de sol da Primavera e na brisa quente das noites de verão. Celebrar-te-ei na festa da vida que é a Fogueira do Galo e estarás sempre ao meu lado na procissão de Santa Bárbara. Ainda agora te encontrei, como sempre, quando passei pelo quartel dos bombeiros e no granito das pedras com que os homens forte, como tu, construíram esta nossa majestosa cidade.
Dizem que Deus leva sempre os melhores, aqueles de quem mais gosta. Mas tu continuas connosco, porque um Herói nunca morre. Como disse a tua sobrinha Inês, com a simplicidade sábia dos inocentes, o António é agora aquela estrela mais brilhante que ali está no Céu."
por:José Maria Pires
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