Cátia Dias frequentava desde pequena os corredores do quartel de bombeiros de Carregal do Sal. Jovem com garra e com treino, sucumbiu ontem nas chamas do Caramulo. É a quinta vítima dos fogos.
A violência do incêndio que continua a destruir a serra do Caramulo "foi a grande culpada" da morte de Cátia Dias. Tinha 21 anos e há três ingressou no corpo ativo dos bombeiros, que conta 130 voluntários e quase 75 anos de existência.
A sua "garra" e experiência é assegurada pelo comandante da corporação. "Estamos na presença de jovens de muita garra, com treino, formação e com todas as necessidades para o desempenho da função de bombeiro, bem complementadas e bem treinadas", explica Miguel David, admitindo que desta vez "o azar bateu-nos à porta".
Tenta conter a emoção quando fala com os jornalistas e pede desculpa por não entrar em grandes pormenores sobre o acidente que matou Cátia e deixou feridos mais três jovens da corporação, dois deles com prognóstico reservado.
"Nestas coisas não estamos à procura de explicações. Toda a gente viu a violência do incêndio, e infelizmente temos mais vítimas dos bombeiros portugueses a lamentar. Neste caso, infelizmente, bateu-nos à porta e temos de lamentar. É um momento de grande tristeza", assume.
Segundo o comandante, Cátia, filha única, fez parte da escola de cadetes e da fanfarra dos bombeiros de Carregal do Sal. "Cresceu aqui", resume.
Ao final do dia, e depois de ter chamado ao quartel todos os voluntários e de ter falado com a família de Cátia, Miguel David assegura que a sua corporação "está a tentar dar resposta" ao trágico acidente. Prova disso, foi a assistência pronta a um colega, que se despistou mesmo no centro da vila, a meio da tarde, e que sofreu ferimentos graves.
"Esta vai ser uma fase complicada que todos juntos teremos de ultrapassar", afirmou o comandante, adiantando estar certo que "os bombeiros de Carregal do Sal vão saber ultrapassar esta fase como ultrapassaram outras".
"É tudo inacreditável"
Resguardados, os bombeiros e famílias receberam ao longo da tarde abraços e beijos de conforto, perante os olhares e presença de psicólogos do INEM e da Câmara. "É tudo inacreditável. Se pudesse matava-os todos". As palavras desesperadas são do pai de Nuno Miguel, o jovem bombeiro de 19 anos, que se encontra em estado grave.
Também o presidente da Câmara não se conforma. "O Caramulo está desfeito e foi mão criminosa", assegura Atílio Nunes, 75 anos, lembrando que "são inocentes" os que "estão a morrer nos incêndios".
"São todos tão jovens... alguém havia de ver isto.... e fazer alguma coisa", afirmavam os populares que, ao longo da tarde, se foram aglomerando à porta do quartel. v
O comandante da corporação de Carregal do Sal desafia "todas as pessoas a ajudarem os bombeiros". "Assim honraremos os que morreram", diz.
Fonte: JN
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