Para o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, os meios disponíveis e a formação dos bombeiros não chega para contrariar uma época especialmente trágica.
Os meios disponíveis para o combate aos incêndios são adequados, mas "seguramente insuficientes quando se ultrapassam as 250 ignições por dia", considera o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, comentando para o Expresso as declarações feitas ontem pelo primeiro-ministro.
Jaime Marta Soares concorda que os meios são adequados, mas sublinha como grande problema o facto de "existirem fogos a mais". Fogos cujas consequências têm sido particularmente pesadas este ano, as quais não são alheias a alterações de vária ordem, que vieram complicar a ação dos bombeiros.
"Mesmo em 2003 e 2005, que foram anos terríveis, não se registaram temperaturas tão altas e ventos atípicos como enfrentamos agora, capazes criar focos secundários e dezenas ou centenas de metros dos bombeiros, encurralando-os", explica Jaime Marta Soares.
A isto se alia "uma floresta em piores condições", abandonada, "sem as infraestruturas necessárias" e onde crescem espécies arbóreas como não se viam há muito tempo, "que inflamam rapidamente", acrescenta o presidente da Liga dos Bombeiros.
Bombeiros estão preparados
A época tem sido particularmente trágica pela confluência de todas estas características, avalia, ainda que em fundo persista a "falta de competência e a falta de coragem" para avançar com medidas que defende "há muitos anos".
A função de alto risco cumprida pelos bombeiros exige que estejam preparados a vários níveis, "e os bombeiros estão-no de facto", garante. O problema é "contarem apenas com os seus próprios meios para combater os incêndios".
Quase tudo o resto falha, constata Jaime Marta Soares, insistindo que é preciso penalizar mais certo tipo de situações, mas sobretudo não é possível continuar sem "fazer cumprir a lei", no que às questões de prevenção diz respeito.
Quando a agricultura de subsistência era ainda uma realidade em Portugal ou em zonas onde existem rebanhos que comem o pasto, sabe-se que muitas áreas estão naturalmente protegidas, refere. "A floresta tem de ser povoada e vigiada, o que até podia acontecer recorrendo aos muitos milhares que estão desempregados e que se podiam organizar em cooperativas, garantindo um rendimento extra", sugere, para concluir que "há trabalhos de ajuda aos bombeiros que qualquer cidadão pode e deve fazer".
fonte:publico
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