O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses disse, este domingo, à agência Lusa que o Governo devia "desengordurar" e dar "uma vassourada" na Autoridade Nacional de Proteção Civil, que classificou como uma estrutura ultrapassada, burguesa e elitista.
"O problema dos bombeiros portugueses não está em si, está efetivamente numa estrutura ultrapassada, burguesa e elitista, que é da responsabilidade do senhor secretário de Estado, que é a Autoridade Nacional de Proteção Civil", afirmou Jaime Soares, numa reação às declarações à Lusa de Filipe Lobo D'Ávila.
O secretário de Estado da Administração Interna português declarou que os bombeiros voluntários têm de encontrar novas fórmulas de organização, avançando que o Governo está a trabalhar num novo modelo de financiamento.
Contactado pela Lusa, Jaime Soares afirmou que a própria Liga avançou com medidas de reestruturação, nomeadamente para tipificar o risco de incêndio em cada município e adaptar os recursos materiais e humanos à dimensão de cada concelho, em função dessa avaliação.
O secretário de Estado disse ser incontornável uma reestruturação, face à conjuntura que o país vive.
"Queremos uma nova lei de financiamento dos corpos de bombeiros, que não existe. Os bombeiros são praticamente trabalhadores do Estado gratuitamente e isso tem de acabar, o Estado se quer ter uma estrutura tem de a pagar, tem a ajudar a pagar", defendeu o presidente da Liga, incluindo neste financiamento os municípios.
O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) considerou que o Governo devia começar por "desengordurar a Autoridade, dar uma vassourada na Autoridade, pôr pessoas competentes" na Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC).
"Ela é que não tem sabido preparar toda uma estratégia que rentabilize todo este processo das associações e dos corpos de bombeiros e é essa que eu responsabilizo", afirmou.
Jaime Soares acrescentou que não pode responsabilizar apenas a ANPC porque "quem tem o poder político é o Governo, o Governo é que manda na Autoridade".
Afirmou que a LBP tem apresentado "coisas concretas" para este processo, no âmbito do grupo de trabalho criado, mas que não foram ainda obtidos resultados: "Ainda ontem [sábado] essa reunião não se realizou por falta dos elementos da Secretaria de Estado".
Segundo o secretário de Estado, a reestruturação poderá passar pela aposta de forças e respostas conjuntas, nomeadamente corpos de bombeiros do mesmo concelho ou de concelhos contíguos terem, do ponto de vista operacional, uma sinergia de meios materiais e humanos.
"Há uma coisa que o senhor secretário de Estado tem de saber, de uma vez por todas: ele só tutela os corpos de bombeiros, não tutela as associações e, dentro deste princípio, há que manter o diálogo aberto e transparente", referiu Jaime Soares.
Fonte: JN
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