Quando entrei para os Bombeiros, sempre que saíamos para um incendio rural, uma pergunta pairava na minha cabeça e na dos meus camaradas: “ Como será que vamos apagar o fogo?”
Praticamente, 20 anos volvidos, toda a gente se preocupa com uma outra pergunta: “ QUEM PAGA?”
A hipocrisia tomou conta da proteção e socorro em Portugal e lamentavelmente ninguém se importa em apagar os incêndios florestais que vão consumindo hectares e hectares de mato e de floresta neste “atípico Inverno”
Julgo que já não há verão nem inverno… há incêndios rurais ou florestais que têm que se apagar com a mesma determinação que há no verão…
Em 3 dias estive em 5 incêndios diferentes… nos 3 dias as mesmas caras e um ar de desalento… Sem meios terrestres e aéreos lá fomos fazendo o que estava ao nosso alcance…
Ninguém quer saber, porque afinal o que interessa é simplesmente: QUEM PAGA?!?
Parabéns aos gurus que implementaram um sistema de Proteção Civil VERGONHOSO, INUTIL e demasiado DISPENDIOSO…
Afinal, os profetas da desgraça que vêm alertando para um sistema de proteção civil que assenta NA FARSA E NO DESENRASQUE sempre tinham razão…
Vá venham de lá os vossos mimos ;)
3 comentários:
ouderlis menoraiDe facto este comentário merece ser comentado. E já que desafiaram os “mimos”, então aqui vai a minha opinião.
Quando entrou para os Bombeiros há 20 anos, como diz, as coisas eram bastante diferentes a começar pela maior disponibilidade das pessoas, pelo preço das coisas que nessa altura era em escudos – veja lá quanto é que custava um pneu, um carro, um litro de combustível e quanto é que custa agora – e acima de tudo porque os Bombeiros tinham estruturas por si criadas como era o SNB, os Comandantes de Zona Operacional que eram Bombeiros da região que conheciam a palmo o terreno, etc.
Mas se tivesse entrado para os Bombeiros há 40 ou 50 anos ainda acharia diferenças muito maiores. Não havia rádios, carros com água eram raros e os Bombeiros andavam pelas serranias dias e dias, alimentados muitas vezes pelas populações que combatiam o fogo a seu lado, e os fogos iam-se apagando como se podia, etc.
De facto, quando em 2003 fundiram o SNB com o SNPC, as coisas mudaram e muito de figura. Criaram estruturas complexas, cheias de cargos e funções, mas os combatentes são os mesmos Bombeiros, só que agora não conseguem sair do trabalho porque o patrão não deixa, só que agora eles também pensam, e bem, que têm direito a alimentação, que têm direito a alguns períodos de descanso e, porque não, serem ressarcidos do tempo perdido que o patrão não lhes paga.
Portanto neste mundo materialista e consumista em que nos obrigaram a viver, também os Bombeiros foram apanhados nesta confusão toda e se se queixam têm toda a razão. Mas o certo é que, sem alerta amarelo como já deveria ter sido activado, mesmo sem lhes pagarem nada, nem os combustíveis, nem a alimentação e nem a reparação das viaturas, os Bombeiros têm conseguido cumprir a sua missão e os fogos, mesmo os maiores não têm passado de um dia para o outro, quer isto dizer que têm sido apagados com muito esforço e muito trabalho voluntário, mas têm sido apagados.
Para terminar, se os Bombeiros hoje se preocupam em saber QUEM PAGA, veja bem que eles têm as suas razões. Antigamente, as Associações que nunca foram ricas, mesmo assim não estavam à míngua como agora estão muitas, sem dinheiro para mandar cantar um cego. E muitas Câmaras que os ajudavam agora também não têm condições para tanto. Mas as despesas, cada vez maiores, existem e têm que ser pagas. Portanto, QUEM PAGA tem toda a sua razão de ser, no meu ponto de vista.
Carlos Pinheiro, agradeço os seus mimos os quais li e gostei. escreveu muito para ir de encontro ao que já disse inúmeras vezes, os generais sem tropas não são necessários, já os Bombeiros, sem sombra de qualquer dúvida que são mais que necessários. Quanto ao pagar, é discutível, mas como já não se socorrem pessoas na rua porque não se sabe quem vai pagar o socorro... já nada me surpreende!
Melhores cumprimentos ;)
É óbvio que as associações de bombeiros devem dizer quem paga?
Os bombeiros esses devem apagar, mas as associações devem perguntar quem paga?
Se o governo anterior nos tratou abaixo de cão, andou para ai a criar elites e forças paralelas externas aos bombeiros, se houve dinheiro para os equipar com tudo do bom e do melhor, enquanto nós estivemos a pão e água, é óbvio que as associações devem perguntar quem paga?
Porque, quem apaga os fogos são os bombeiros, as elites da ANPC e os GIPS passeiam, os GIPS deviam era andar em vigilancia para evitar que queimadas deiam origem a fogos, que é o que tem acontecido.
Ainda em relação a custos, há 20 anos, em 90/91 o litro do gasoleo custava 40 escudos, pois é não se lembram, são novos, em 95 custava 90 escudos, quando entrou o euro, em 2001, custava cerca de 110 escudos, 60 centimos por litro.
Hoje custa 1,5 €.
Há 20 anos era muito mais fácil suportar os custos, do que é hoje, e nestas circunstancias as associações devem perguntar quem paga, no minimo o gasóleo, que como sabemos esta carissimo.
Os bombeiros, esses devem-se limitar a apagar os fogos, ai concordo com o comentário.
O caminho como já se vai dizendo por ai só pode ser um, acabar com os GIPS, e criar EIP's permanentes em todos os concelhos, seguir o exemplo do GIPE de Bragança.
Os membros da FEB devem ser passados para os CB's da sua area de residencia.
Porque FEB, GIPS e afins só trouxeram caos e confusão aos TO's, gerendo mau estar, sendo estas forças criadas pelo poder politico para acabar com o voluntariado.
Isto é que foi a vergonha, criar estes forças mercenárias so serviço e a soldo do poder politico.
O que o anterior governo queria, este não sei se quer, ainda está tudo muito dúbio, mas o objectivo do anterior governo com o corte nas receitas do transporte de doentes, com a falta de meios a que nos vetou, com a lei que obriga a 270 horas de voluntariado por ano, o que tem afastado muita gente dos quarteis, o que o governo queria era acabar com o voluntariado e com as associações, fazendo-as falir para depois entregar a gestão dos Cb's a empresas privadas.
Fazer disto um negócio.
Cumprimentos ao pessoal de Trás-os-Montes.
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