Gripe. Infecções respiratórias. Falta de macas. Camas nos corredores. Dificuldades de internamento.
Na última semana, os serviços de urgência dos hospitais receberam milhares de pessoas em todo o país, sobretudo idosos e doentes crónicos. O frio e um "pico epidémico" de gripe são os responsáveis.
No maior hospital do país, o de Santa Maria, em Lisboa, a afluência à urgência está a "condicionar os internamentos" e ontem foi preciso estabelecer uma articulação com o novo hospital de Loures, confirmou ao PÚBLICO a directora do serviço de urgência, Margarida Lucas.
A procura da urgência também registou um claro aumento no hospital de S. João, no Porto, segundo o médico responsável por aquele serviço, João Sá. Nota porém que os números registados na semana passada (688 por dia) são "muito similares a igual período do ano passado". O maior fluxo é agora mais notório porque se verificara uma diminuição de cerca de 10%, explica o médico.
Mas o frio e o "pico epidémico da gripe", bem como outras infecções respiratórias, contribuíram para voltar a encher as urgências, sobretudo de doentes crónicos e de idosos. Segundo os dados disponíveis, do total da população que acorre à urgência do hospital de S. João, um quarto tem mais de 65 anos.
Como consequência, há "maior dificuldade nos internamentos", diz João Sá, referindo que a taxa de ocupação de camas é "superior a cem por cento".
Na última semana, de 19 a 26 de Fevereiro, foram registados 3621 episódios de urgência no hospital de Gaia relacionados sobretudo com infecções respiratórias, refere informação do gabinete de imprensa do hospital. O aumento da procura observou-se também por crianças, "com maior prevalência" entre as que têm menos de quatro anos.
Os internamentos têm estado condicionados "devido ao maior número de doenças agudas que obriga estadia hospitalar e que ocasionou reforço de recursos humanos e aumento de locais de internamento".
Em Coimbra, a directora do Serviço de Urgência dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC-CHUC), Isabel Fonseca, confirma que, na última semana, "houve, efectivamente, um maior número de pessoas que recorreram às urgências devido a gripe e infecções do foro respiratório". As idades dos doentes situam-se entre os 65 e os 85 e muitos deles têm outras patologias associadas, o que tem contribuído para um aumento dos internamentos e para um maior consumo de recursos humanos.
Esta situação não afectou aparentemente o Algarve, onde a procura da urgência pouco variou relativamente a igual período do ano passado. Segundo Gabriela Valadas, directora clínica no barlavento algarvio, na última semana, 1174 pessoas procuraram os serviços de urgência, mais quatro do que em igual período do ano passado. A maior variação observou-se na urgência pediátrica, que aumentou de 691 para 824.
As "patologias associadas ao frio" foram o principal motivo da deslocação ao hospital, segundo Gabriela Valadas, "mas nada que seja considerado anormal", salienta. São "picos relacionados com o frio que surgem sazonalmente mas que não saem fora da normalidade para a instituição".
Esta responsável admite que "a afluência que existe neste período acaba por pontualmente congestionar a decisão clínica" que respeita a internamentos, "mas sem gravidade de maior", afirma.
Uma afluência "anormal" de doentes, nas últimas semanas, ao Hospital de Santarém é reconhecida por José Josué, presidente do conselho de administração, que justifica a situação como o efeito de "um surto de gripe" e de "doenças respiratórias".
Como resultado, têm surgido dificuldades em libertar macas das ambulâncias dos bombeiros durante horas, o que impede aquelas viaturas de prestar socorro à população naqueles períodos, situação que já provocou fortes protestos dos bombeiros.
Fonte: Publico
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