Depois de um ano excecionalmente difícil, com 515 incêndios, na sua esmagadora maioria florestais, os bombeiros voluntários de Torres Vedras preparam-se para mais uma época de muito trabalho nessa área.
Fernando Barão, comandante da corporação, está preocupado com a continuidade de um inverno seco e já antecipa um verão quente. “O facto de não chover preocupa-me imenso.
Provavelmente, o que vai acontecer, se o inverno for praticamente seco, é que as primeiras chuvas depois da primavera vão fazer com que o mato e os fenos cresçam substancialmente e quando vier o verão, se calhar com temperaturas muito quentes e humidade no ar relativamente baixa, estão criadas as condições propícias para que haja grandes incêndios, não só no nosso concelho mas em todo o país”.
E num concelho com um povoamento florestal de 11 mil hectares e outros 11 mil de mato, “se as pessoas não tiverem cuidado poderemos ter problemas”, afirma. Em 2011 os bombeiros acorreram a mais de 400 incêndios florestais, 170 dos quais tiveram lugar de 1 a 22 de outubro. “Cerca de 80 por cento destes incêndios não temos dúvida de que foi fogo posto. Tivemos mais de uma centenas de ocorrências durante a noite, entre as 24 e as 5 horas, por vezes com quatro a cinco focos de incêndio em sítios diferentes na mesma zona”, conta aquele responsável.
O fogo posto não é um dado novo para a corporação e no ano passado o território mais afetado foi o da freguesia de Dois Portos, seguido das localidades do Furadouro, Figueiredo, Matacães e Ribeira de Matacães. Em Dois Portos “foi um massacre completo, fomos lá 78 vezes. Voltávamos e íamos para lá outra vez, o fogo foi sempre matos e canas, mas algumas moradias e casais isolados estiveram em risco se não fosse a ação dos bombeiros”, recorda o comandante, acrescentando que “a única coisa que pedimos às pessoas é que no período crítico do verão não façam queimadas”.
Arderam 170 hectares, 15 dos quais de povoamento florestal.
Os bombeiros contabilizam ainda cerca de 70 incêndios categoria de urbanos, cerca de 15 industriais e alguns em veículos automóveis.
Acidentes de viação foram 340; acidentes diversos (inundações, cortes de árvores na via pública, abertura de elevadores etc) 517; emergências médicas pré-hospitalares 6.011 e transporte de doentes não urgentes 15 mil.
Números que vêm crescendo de ano para ano, sobretudo no que diz respeito à emergência médica. Num concelho com uma população de 80 mil habitantes, que aumenta exponencialmente se tivermos em conta as pessoas que vêm de Lisboa e passam a maior parte do tempo nas aldeias, sobretudo ao fim de semana, “as nossas ambulâncias não param dia e noite. Temos um volume muito grande de serviços, que tem vindo a aumentar a 300, 400 por cento ao ano”, refere Fernando Barão.
A corporação torriense é detentora de 11 ambulâncias de emergência pré-hospitalar, sete estão no quartel, duas na secção do Maxial e outras duas na da Silveira.
O transporte de doentes não urgentes representa uma grande fatia do serviço dos bombeiros, ainda que não seja a sua principal vocação.
Com a redução da comparticipação do Serviço Nacional de Saúde neste serviço que é prestado à população, o comandante não antevê um ano fácil.
Fernando Barão explica que “a quebra nos transportes afeta todas as associações de bombeiros, tanto mais que as verbas que entram pelo serviço de saúde acabam depois por gerar receita para a nossa componente principal, que é a emergência”.
Em Torres Vedras “já sentimos algumas dificuldades mas, até à data, as coisas ainda estão em níveis bastantes aceitáveis”, salienta aquele responsável, colocando de parte a eventualidade de redução de pessoal, até porque “são todos bombeiros e têm sempre serviço com fartura noutras áreas”, justifica.
A corporação torriense possui seis viaturas para este serviço, duas na sede e as restantes irmamente distribuidas pelas secções.
Fonte: Baladas
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