A Liga dos Bombeiros Portugueses vai apresentar ao Ministério da Administração Interna uma proposta de Lei de Financiamento para as corporações, a maioria em ruptura financeira e em risco de não conseguirem prestar socorro às populações.
“Das 456 corporações de bombeiros, mais de metade está em ruptura financeira. Depois poderá haver 10 ou 20% com as contas equilibradas, mas as restantes 30% também têm debilidades financeiras”, disse à Lusa Jaime Marta Soares, presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP).
A LBP organizou no sábado uma reunião extraordinária em Almeirim, onde estiveram reunidos os conselheiros nacionais das corporações para debater os problemas do dispositivo especial de combate a incêndios florestais e o financiamento dos corpos de bombeiros.
No final do encontro, as corporações decidiram apresentar ao Ministério da Administração Interna (MAI) uma proposta de Lei de Financiamento de associações e corpos de bombeiros, “para que não se esteja todos os anos a discutir estas questões em cima do joelho”, explicou Jaime Marta Soares, lembrando que esta alteração permitiria consignar uma verba anual.
Segundo a LBP, desde 2007 que as corporações de bombeiros estão a ser financiadas com uma solução provisória.
Em causa está a debilidade financeira dos bombeiros, que este ano deverão receber do Estado apenas cerca de 20% da verba necessária, segundo o presidente da LBP. “O valor atribuído é inferior a 80% dos gastos. Os bombeiros gastam 100% e recebem apenas 20 das entidades estatais”.
O valor atribuído às corporações está definido na proposta de orçamento da Autoridade Nacional de Protecção Civil e, segundo Jaime Marta Soares, é “muito aquém das necessidades dos bombeiros portugueses, que estão a viver uma situação dramática de crise económico-financeira”.
De acordo com o presidente da LBP, “a maior parte das associações já está em ruptura financeira e outras estão em debilidade e poderão chegar a uma situação em que não terão capacidade de prestar socorro às populações, porque não têm dinheiro para pagar os combustíveis nem a reparação das viaturas”.
O presidente da Liga lembra que nos últimos anos o preço dos combustíveis aumentou e que a população, que sempre ajudou muito os bombeiros, “hoje já não o consegue fazer porque não tem dinheiro”.
“Algumas corporações estão a vender equipamentos e outras encerram à noite, pondo em causa o socorro das populações”, lembrou Jaime Marta Soares.
Sobre o dispositivo especial de combate a incêndios, a Liga garante que os bombeiros querem trabalhar, mas que poderão não ter condições: “Mais uma vez estamos disponíveis para trabalhar até ao limite das forças em defesa das vidas e haveres da sociedade portuguesa. Nós faremos tudo até às últimas consequências, mas temo que no futuro não o consigamos fazer por falta de capacidade financeira”.
Fonte: Público
Sem comentários:
Enviar um comentário