O investigador da Universidade de Vila Real Paulo Fernandes afirmou hoje que se perspetiva a ocorrência de menos incêndios este ano devido à chuva intensa que se verificou neste inverno/primavera.
Com a chegada do sol, depois de meses de muita chuva, as atenções começam a voltar-se para a floresta e os incêndios. Oficialmente, a primeira fase de perigo de ocorrência de fogos arranca a 15 de maio.
A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), sediada em Vila Real, investiga os incêndios de forma contínua desde 1983.
O especialista Paulo Fernandes disse hoje à agência Lusa que a tendência este ano, mediante as condições atmosféricas verificadas até ao memento, "é para a área ardida ser inferior à média verificada no centro e norte do país".
O investigador acredita que, “em princípio, mais chuva na primeira metade do ano vai corresponder a uma redução da área ardida nesse ano”.
No entanto, ressalvou que a “atividade de fogos e a área ardida depende mais das condições meteorológicas e de seca que se fazem sentir no verão do que das condições antecedentes”.
Para já, verifica-se que a primeira consequência da precipitação foi o atrasar das queimas e queimadas, que normalmente são feitas entre fevereiro e março com vista à renovação de pastagens.
“Não ardeu no inverno e, aqui no norte, verifica-se normalmente uma época de fogos inverno/primavera e, por outro lado, quando chegar o verão a vegetação ainda está num estado de humidade que não é muito favorável à propagação dos fogos”, acrescentou.
Paulo Fernandes referiu que Portugal está a sentir dois anos de tempo que não é normal. Em 2012 foi a seca e o calor e este ano a chuva intensa.
“A tendência é para uma variação cada vez maior devido às alterações climáticas”, salientou.
Pelo que, na sua opinião, o “grande desafio que se coloca ao país é o planeamento”.
“Conseguir planear todas as operações de prevenção e combate de incêndios de forma a enfrentar esta cada vez maior variabilidade na meteorologia e no clima”, sublinhou.
O especialista considerou que o planeamento em Portugal “é muito rígido”. “Define-se uma época de incêndios todos os anos e depois há uma série de procedimento relativamente rígidos, que não é o que se passa em outros países”, referiu.
Paulo Fernandes defendeu um “planeamento mais de curto/médio prazo, em que procedimentos vão sendo ajustados à medida que as condições vão mudando”.
O Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais 2013 (DECIF) consagra quatro fases de perigo, cujo período crítico - a fase Charlie - decorre de 01 de julho a 30 de setembro, com um total de 237 postos de vigia, 1.172 equipas, 1.976 veículos e um total de 9.337 operacionais, distribuídos por equipas de vigilância (676), de vigilância e ataque inicial (396) e de combate (1.102).
Durante as fases Bravo (15 de maio a 30 de junho), Charlie e Delta (01 a 31 de outubro), serão utilizados 45 meios aéreos.
O ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, já anunciou que o combate aos incêndios florestais, este ano, vai custar 78,5 milhões de euros (ME), o que reflete um aumento de quase cinco por cento em relação a 2012.
De acordo com dados do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, entre 01 de janeiro e 30 de setembro de 2012, foram registadas 20.501 ocorrências de fogo, 4.254 dos quais foram incêndios florestais e 16.247 fogachos, que resultaram em 104.125 hectares de área ardida, entre 47.534 hectares de povoamentos e 56.591 hectares de matos.
Fonte: http://www.ionline.pt / lusa
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