segunda-feira, 15 de abril de 2013

ANPC: 'DECIF 2013' Ajusta-se às Características do País


De acordo com a informação preliminar do 6º Inventário Florestal Nacional (IFN), os espaços silvestres, floresta e matos sofreram um acréscimo face ao anterior apuramento, representando neste momento, em termos de uso do solo, 67% do território continental (cerca de 6,0 milhões de hectares). Constata-se assim uma diminuição da área ocupada por floresta (4,6%) que se deve sobretudo à sua conversão para a classe de usos “matos e pastagens”.

Também como conclusão preliminar deste inventário, verifica-se uma redução do uso agrícola do solo, que se deve essencialmente à conversão do uso para matos e pastagens, resultantes do abandono da produção agrícola.

Os apuramentos acima enunciados, associados à diversidade do país a nível geográfico, climático, social, cultural e infra-estrutural, ao despovoamento do interior e ao envelhecimento da população rural, às alterações relativas ao aproveitamento e exploração da floresta, às alterações climáticas e à acumulação de elevada carga de combustível, reúnem condições cada vez mais favoráveis ao desenvolvimento de incêndios florestais complexos e violentos.

Ainda de acordo com os resultados preliminares daquele Inventário, a ocupação dos espaços florestais nacionais continua a manter-se centrada em três espécies florestais, sendo que o eucalipto é neste momento a principal ocupação florestal do continente (26% ou 812 mil hectares), seguido do sobreiro com (23% ou 737 mil hectares), ultrapassando ambas as espécies a ocupação com pinheirobravo (23% ou 714 mil hectares) que até aqui era a espécie com maior representação. Com base neste apuramento, constata-se que a principal alteração da ocupação florestal se verifica ao nível do pinheiro-bravo, que apresenta uma diminuição de 13% entre 1995 e 2010, sendo que a maior parte desta área (62%) se transformou em matos e pastagens, ao passo que a área total de eucalipto aumentou 13%, no mesmo período. Há ainda a destacar o aumento das áreas de pinheiro-manso (46% em área total) e de castanheiro (27% em área total).

Na prossecução dos grandes objectivos estratégicos do Plano Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios (PNDFCI), foram estabelecidas metas cuja concretização passa pelo empenho de todas as entidades com responsabilidades no Sistema de Defesa da Floresta Contra Incêndios (SDFCI) e que visam globalmente, para o horizonte temporal de 2012 e de 2018, a redução da superfície percorrida por incêndios florestais, para valores equiparáveis à média dos países da bacia mediterrânica.

O período de maior probabilidade de ocorrência de incêndios florestais continua a centrar-se entre os meses de Julho e Setembro. No entanto, mesmo nos períodos previsíveis de menor perigo de incêndio, são cada vez mais recorrentes situações especiais, provenientes de condições meteorológicas adversas ou de outras circunstâncias agravantes do perigo.

O Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais (DECIF) preparado para o corrente ano, visa assim garantir uma resposta operacional permanente e adequada às características e condições acima elencadas, em conformidade com os graus de gravidade e probabilidade de ocorrência de incêndios durante os meses mais críticos.

As principais alterações introduzidas este ano são as seguintes:

> Grupos de Reforço de Ataque Ampliado (GRUATA)

A constituição destes Grupos surge no seguimento da necessidade identificada de constituir um dispositivo permanente para intervenção estruturada em ataque ampliado a incêndios florestais. As suas capacidades modulares de comando e intervenção, associadas a conjunto de premissas, nas áreas da formação, características dos equipamentos, autonomia e capacidade de reação, serão condições exigidas para a garantia de uma qualquer intervenção de alto nível em ataque ampliado.

> Planeamento estratégico com vista à eficaz utilização de máquinas de rasto

A utilização de máquinas de rastos no apoio às ações de combate a incêndios florestais tem sido referenciado, nos diversos documentos sobre a temática dos incêndios florestais, como uma das ferramentas de grande capacidade e utilidade na criação ou ampliação de faixas de contenção e no contributo que podem prestar na consolidação do perímetro dos incêndios e nas ações de rescaldo capacitando ainda o acesso a outro tipo de equipamentos de combate e/ou apoio.

Se a utilização destes recursos tem vindo a sofrer um incremento no combate a incêndios florestais, esta utilização tem sido, em muitas situações, desligada da estratégia de combate.

Assim, tem sido realizadas ações de formação e treino operacional na utilização destes equipamentos no âmbito do combate a incêndios florestais, nomeadamente nos procedimentos de segurança das equipas de bombeiros que acompanham o trabalho destas máquinas e a sua integração no plano estratégico de acção a desenvolver pelo comandante das operações de socorro, criando-se em simultâneo um processo uniforme de accionamento destes meios.

> Mobilização de aviões C-295 da Força Aérea

O avião C-295M apresenta-se como um precioso meio de avaliação de comando e controlo, tendo já sido testado em acções operacionais. Este avião integra a mais recente tecnologia existente no mundo aeronáutico e a sua capacidade de operar em teatros de operações está sustentada em equipamentos de comunicações “seguras”, agilidade de frequência V/UHF, permitindo um acompanhamento em tempo real das operações, nomeadamente dos incêndios florestais, pelo que a sua utilização se enquadra num superior interesse de sistema de apoio à decisão operacional em teatros de operações de alguma dimensão.

> Integração de reclusos em ações de vigilância

No campo da atuação em incêndios florestais, o objetivo deste programa, que mereceu desde o primeiro momento o apoio da ANPC, é formar equipas, partindo de uma disponibilidade de cerca de 900 elementos, devidamente custodiadas para as ações de prevenção e pós-incêndio, integradas nos serviços municipais de proteção civil, e que no quadro dos planos operacionais municipais, se envolvam nas diferentes ações de apoio, prevenção, rescaldo e vigilância pós-rescaldo enquadrados no âmbito do 1º e 2º pilares da defesa de floresta contra incêndios.

> Instalação de um sistema de apoio à decisão e monitorização dos incêndios florestais no Parque Nacional da Peneda-Gerês.

Considerando a orografia do terreno bastante acidentada associada a uma reduzida ocupação humana e dificuldade de circulação em algumas áreas deste Parque Nacional, o recurso a este sistema permitirá avaliar a sua capacidade de deteção, análise e apoio à decisão de focos nascentes de incêndios florestais, permitindo adequar a resposta, em ataque inicial, em função das características de cada ignição, sua localização, intensidade, combustível afetado e nível de acessibilidade, garantindo uma resposta pronta e adequada a cada situação.

No caso de um alarme, o sistema fornece informações adicionais, tais como a localização do fogo,  fotografia da deteção e dados meteorológicos, reúne reconhecidas vantagens na relação custo/benefício, possibilitando uma diminuição considerável do tempo de reação de combate ao incêndio.

Trata-se de um sistema com a capacidade única de reconhecer fumo orgânico, através de uma análise química da atmosfera por espectrometria ótica distinguindo-o de outras fontes de fumo (por exemplo o proveniente de indústrias) e de decidir, de forma completamente autónoma, até uma distância de 15 km, se há motivo para enviar um alerta de incêndio. O sistema contém um sensor ótico remoto de grande alcance e uma câmara óptica de elevada resolução.

Esta unidade realiza um varrimento horizontal de 360º e vertical de pelo -45º até 90º. Inclui também sensores atmosféricos que monitorizam as condições atmosféricas do local (temperatura, humidade, direção e velocidade do vento, e pluviosidade).

Estima-se que o projeto esteja instalado no início do corrente mês.

> Alterações às Circulares Financeiras

A par das inovações técnicas e organizacionais atrás referidas, serão introduzidas importantes alterações à compensação financeira dos elementos que irão integrar o Dispositivo, que passa de 41 para 45 euros, para bombeiros, e de 57,50 para 60 euros, para Comandantes de Permanência às Operações.

Haverá, ainda, um acréscimo da comparticipação por litro de combustível gasto pelos Corpos de Bombeiros, passando de 0,80 para 1,20 euros e de 1,05 para 1,37 euros,consoante se trate de gasóleo ou gasolina.

Fonte: Revista PROCIV de Abril de 2013

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