Multiplicam-se os casos de idosos que moram sozinhos e são encontrados mortos. Mas também há casos com final feliz, como o que aconteceu em Bragança, recentemente.
Uma septuagenária passou cerca de 12 horas caída no chão de casa até que foi encontrada pelos vizinhos.
A rua de S. João, junto ao castelo de Bragança, ainda conserva o antigo nome por que era conhecida.
E é com a mesma amargura que dava o nome a esta rua do centro histórico de Bragança que os poucos habitantes lamentam o abandono a que estão votados. Eles e as casas.
Nem todos têm a mesma sorte que Margarida Campos, de 76 anos, teve, há pouco mais de dois meses. Numa das noites frias do mês de Dezembro sentiu-se mal e esteve cerca de 12 horas deitada do chão de casa até que alguém a acudiu.
“Foi assim, estava sentada à cabeceira da cama, a esfregar os joelhos com uma pomada porque ando mal das pernas. Deu-me uma coisa e caí. Andei de rasto mas não consegui levantar-me. Foram horas e horas, até que apareceu um rapaz que vinha receber de umas janelas que me fez. Depois vieram os do hospital e levaram-me”, conta. “Sentia muito frio. Disse para mim: bem morro”.
Apesar do susto, garante que praticamente não teve medo.
“Só tinha medo porque queria levantar-me e não podia. E morria, se não me acudiam morria”, garante, adiantando que mora sozinha “há quase três anos”, desde que faleceu a irmã com quem vivia. “Os sobrinhos não querem saber. Querem que vá para um lar mas eu não quero. E o médico já me disse que ao chegar a um lar, a Margaridinha morre.”
Mesmo assim, agora os vizinhos já estão alertados. E é na mercearia do bairro que encontram apoio para a solidão.
“Entregou-me uma chave da porta. Como é minha cliente, se não vier por aqui a comprar o pão vou lá ver o que se passa”, explica, sublinhando que devia ser “a junta de freguesia a resolver estes problemas”.
Valdemar Horta é o dono da mercearia que já foi do seu bisavô. Desde os 13 anos que se habituou a ver a zona histórica ir esvaziando lentamente.
Mas garante que a vizinhança é unida e começa a ficar atenta a estas situações.
“Nesta zona histórica, na maior parte das ruas as casas estão desabitadas. Não moram aqui 50 pessoas nestas cinco ruas. Pode acontecer qualquer coisas que ninguém dá por nada”, lamenta, garantindo que desde que houve esta série de casos na televisão, têm estado mais “atentos”.
Este foi um dos três casos que de solidão entre os mais velhos a que os bombeiros de Bragança tiveram de acorrer nos últimos três meses.
Para ajudar a prevenir estas situações, a junta de freguesia de Santa Maria está já a desenvolver o projecto Laços Solidários, que prevê acções de formação aos mais velhos em diversas áreas, desde a sexualidade à prevenção de assaltos.
Fonte RadioBrigantia
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