sexta-feira, 9 de abril de 2010

Cirurgia dá vida nova a idosos

As fracturas da coluna vertebral provocadas pela osteoporose são dos problemas que mais afectam os idosos transmontanos, mas são poucos os que recorrem à cirurgia, apesar de o Hospital de Macedo de Cavaleiros realizar uma técnica inovadora (ciflopastia).

Anualmente, no Centro Hospitalar do Nordeste (CHNE), do qual a unidade de Macedo de Cavaleiros faz parte, são feitas entre 60 a 70 cifoplastias (um intervenção rápida com internamento de um dia) por ano, quando, por exemplo, à fractura da anca se fazem 300. "Mas sabemos que há mais fracturas da coluna vertebral, só que não há ainda tanta referenciação para podermos fazer mais", explicou Afonso Ruano, director do Serviço de Ortopedia do Centro Hospitalar do Nordeste, ontem, no final de uma cifoplastia realizada a uma idosa com vértebras fracturadas. Trata-se de uma intervenção normalmente realizada com anestesia local, em que o médico faz uma pequena incisão nas costas do doente e com a ajuda de imagens de Raios-X leva um tubo fino até a vértebra fracturada. Através desse tubo faz-se uma perfuração na parte externa e dura do osso, para construir uma passagem estreita, pela qual insere um pequeno balão. Ao encher o balão, faz com que a vértebra retorne à sua forma natural. O balão é retirado e a cavidade é preenchida com cimento ósseo.

Melhor qualidade de vida

O cirurgião assegura que a intervenção permite melhorar "muito" a qualidade de vida dos idosos, que muitas vezes têm problemas vertebrais por osteoporose obrigando à imobilização prolongada, que os tratamentos através da medicação não resolvem. "As pessoas não têm dores, a situação vai-se agravando e muitas vezes acabam por ficar curvadas. Este tratamento tira a dor", descreveu.

A unidade de saúde está a tentar sensibilizar os médicos de família para a referenciação desta patologia, bem como está a fazer a sua divulgação junto da opinião pública. Afonso Ruano admite que "ainda não há muita receptividade" e que as pessoas têm ideias pré-formadas, assim como medo de fazer cirurgias à coluna. "Existem alguns tabus de que podem ficar em cadeira de rodas, mas a cirurgia é para tentar evitar essas situações. Os benefícios são muito grandes", afirmou.

Glória Lopes-JN

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