“Somos os primeiros responsáveis pela nossa segurança!“
A expressão é clara e é a principal mensagem que a equipa do Portal Bombeiros.pt, que acompanhou este curso, destaca e que, certamente, os investigadores do Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais (CEIF-ADAI) gostariam de ver respeitada por todos e cada um dos bombeiros portugueses e outros operacionais que se dedicam ao combate a incêndios florestais. Foi este o principal tema do Curso de Segurança Pessoal em Incêndios Florestais que decorreu durante o dia de ontem em Coimbra, no auditório do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Coimbra.
Na sessão de abertura, o professor Xavier Viegas aproveitou para traçar um historial da relação que o CEIF têm com a investigação e a formação ao nível dos incêndios, salientando-se daquela introdução a seguinte expressão: “Podemos dizer com orgulho que demos a conhecer aos nossos Bombeiros muitos dos acidentes passados, a fim de que aprendam com eles.” Durante esta apresentação inicial, foi lembrada a colaboração que o CEIF mantém com o único “staff-ride” realizado na Europa e que decorre anualmente em Famalicão (Guarda).
Após esta sessão de abertura, tomou a palavra o Eng. Luís Mário que centrou a sua atenção na necessária atenção queIMG_5924 os bombeiros devem ter com a topografia, uma vez que, como enfatizou, todos os outros factores se alteram mas a topografia é assim há milhares de anos. Lembrou ainda a necessária presença e obediência a princípios básicos de segurança em toda a extensão do incêndio, reflectindo com os presentes acerca dos passos a dar na aplicação do protocolo MARCA (Monitorização; Ancoragem; Rotas de Fuga; Comunicações; e Áreas de Segurança).
Se seguida, o professor Xavier Viegas apresentou alguns casos e referiu que “mais do que 200/ 300 ocorrências diárias levam ao colapso do dispositivo”, alertando que “a sociedade não sabe que determinados níveis de intensidade de um incêndio não são passíveis de serem combatidos”. Numa alusão aos acidentes ocorridos nos últimos anos, o orador referiu que “um bombeiro deve ir [para um incêndio], principalmente, equipado com os seus conhecimentos” não contando apenas com as ordens que lhe são passadas pelos seus superiores. Enfatizou também que “não se pode aceitar que ainda haja pessoas que consideram o comportamento eruptivo um fenómeno imprevisível”, uma vez que hoje já é previsível pelos bombeiros se estes aprenderem a compreender os sinais que antecedem a ocorrência desse fenómeno. A este nível, da formação de bombeiros, foi anunciado pelo professor que estava em discussão um Protocolo de Combate em Encostas, criado pelo CEIF, que pretende ver melhorado com a colaboração dos bombeiros e demais agentes de protecção civil. Esta sua apresentação culminou com um conselho/ apelo aos bombeiros e outros operacionais, disse o investigador que “cada bombeiros é responsável pela sua segurança, logo tem obrigação de se manifestar sobre as manobras!”
IMG_5922Após esta intervenção, foi a vez do Doutor Miguel Almeida reflectir sobre os Focos Secundários e dar conselhos sobre a melhor forma de prevenir eventuais surpresas decorrentes destes focos, deixando aos presentes a ideia de que não se deve olhar só na direcção da progressão do incêndio mas também no sentido oposto, onde podem surgir novos focos resultantes de projecções.
A parte da tarde foi dedicada à análise de vários casos que tiveram muitas semelhanças com os acidentes ocorridos em 2013, os quais não foram abordados devido à ainda não divulgação da segunda parte do relatório, efectuado pela equipa do CEIF, pelo Ministério da Administração Interna.
No final, e antes de um minuto de silêncio em memória de todos os que perderam a vida nos incêndios de IMG_59272013, ocorreu um debate em que participaram o Doutor Celso Cruzeiro, director da Unidade de Queimados dos Hospitais da Universidade de Coimbra, e Carlos Guerra, Adjunto de Comando Nacional.
Para além do exclusivo desta notícia, a equipa do Portal Bombeiros.pt irá, também, publicar em exclusivo o resultado da participação no debate do Adjunto Carlos Guerra e o resultado de uma pequena entrevista exclusiva com o Dr. Celso Cruzeiro em peças singulares. Iremos também publicar em breve uma entrevista exclusiva com o professor Xavier Viegas em que ele abordará algumas das confusões geradas a partir da publicação da primeira parte do relatório sobre os incêndios de 2013.
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