O ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, assumiu hoje que há "muita pressão" para divulgar a segunda parte do relatório sobre os incêndios florestais de 2013, mas garantiu que só o vai tornar público quando assim decidir.
A segunda parte do relatório diz respeito a cada um dos incidentes em concreto que resultaram em perda de vítimas humanas. Em 2013, morreram onze pessoas, oito das quais bombeiros.
"Sei que há muita pressão nesse sentido [divulgação do relatório]. Mas quero dizer-vos que essa pressão não vai desviar o ministro da Administração Interna um milímetro daquilo que eu entendo correcto fazer neste domínio", assegurou Miguel Macedo à margem das comemorações do 82.º aniversário dos Bombeiros Voluntários de Azambuja.
O governante referiu que o documento só será divulgado quando, no seu entender, estiverem reunidos os "critérios" por si considerados importantes e que salvaguardem dois aspectos que o preocupam.
"A protecção das famílias desses bombeiros que morreram e a conclusão atempada dos processos de atribuição de pensões de sangue e de recebimento dos seguros a que têm direito; e o tratamento, do ponto de vista do estudo, para aproveitamento na formação de todos os bombeiros feito com cabeça, tronco e membros", explicou o ministro, que deixou ainda um esclarecimento e uma garantia.
"Em primeiro lugar, em relação a cada um desses incidentes, aquela avaliação não é a única avaliação. Em segundo lugar, prende-se com esse conjunto de questões, matérias muito delicadas em relação às quais não pode ser a pressa da comunicação social a determinar quando e como daremos conhecimento daquilo que se passou em cada um desses incidentes", assegurou Miguel Macedo.
Para o governante, este assunto "dispensa bem especulações sensacionalistas em relação a cada um dos incidentes".
Alguns órgãos de comunicação social divulgaram no início de Dezembro que os dados preliminares do inquérito apontavam para negligência na forma de actuação dos bombeiros.
"Os Grandes Incêndios Florestais e os Acidentes Mortais Ocorridos em 2013 - Parte 1" identifica ainda a necessidade de sensibilidade dos cidadãos para evitar situações de risco, "nomeadamente trabalhos agrícolas, florestais ou outros e, muito em especial, o uso do fogo, em dias de risco elevado, a fim de se reduzir o número de ignições".
Refere também que é necessário agir "no sentido de envolver mais a população na vigilância, protecção e autodefesa, dotando as pessoas com formação e recursos adequados a este fim", assim como melhorar o uso "da previsão meteorológica à escala local" e do "planeamento da estratégia geral de combate, incorporando elementos sobre a previsão do comportamento do fogo".
A análise feita recomenda igualmente "a integração e articulação de todas as entidades envolvidas no sistema nacional de defesa da floresta contra os incêndios, quer no âmbito nacional, quer no local, promovendo acções e medidas de interligação entre os recursos locais e os provenientes de outras áreas, para melhorar a eficácia das acções".
Fonte: Lusa/SOL
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