Peritagem ao carro mostra que este não embateu num segundo veículo. PJ desvalorizou tese de acidente.
Carina Ferreira despistou-se sozinha na A24, sem embater em qualquer outro veículo. É neste sentido que aponta a "primeira perícia" feita ao Peugeot 106 vermelho, feita ontem nas instalações da Polícia Judiciária do Porto, apurou o DN junto de fonte ligada à investigação.
O carro foi peritado para averiguar se "o despiste não terá sido provocado pelo embate de um segundo veículo". Ontem, ao final da noite, a PJ afastou, "numa primeira perícia", a hipótese.
Durante onze dias, a Judiciária desvalorizou a hipótese de que a jovem de Lamego tivesse sofrido um acidente. Apesar de alguns indícios apontarem nesse sentido: a triangulação dos telemóveis reduziu a área das buscas a um quilómetro quadrado, as imagens das câmaras não mostravam o carro no Túnel do Varosa - ponto de passagem obrigatório entre Lamego e Peso da Régua.
Logo no domingo, dia 2 de Maio, quando o desaparecimento foi participado, toda a A24 foi batida por familiares e amigos. Um funcionário da Operscut, que garante a operacionalidade da via, disse ao DN que "um segurança encontrou marcas de pneus no morro, mas, como não viu outros vestígios, julgou tratar-se de um condutor em dificuldades que conseguiu retomar a marcha".
Manuel Pedro, morador em Alvéolos e um dos primeiros a chegar ao local após a descoberta do carro, assegurou que "um dos postes da rede, que estava dobrada no topo, estava partido". Apesar disso, nenhum morador foi interrogado e a PJ nunca accionou meios de buscas terrestres nem cães pisteiros. A Judiciária alega que fez buscas na área, mas o carro estava "numa zona pouco visível".
A coordenadora da equipa da PJ, Helena Monteiro, negou um eventual "facilitismo", na investigação" e assegurou que a área, "onde estava o carro, foi batida e o local onde estava o carro não era visível, mesmo com uma busca aérea". Na segunda-feira a PJ chegou cedo ao local "inconformada" com os resultados da investigação e decidiu "ver o local com mais persistência e recolheu indícios de que o carro estava ali", disse Helena Monteiro ao DN.
Os comandantes dos bombeiros da Régua e de Lamego asseguraram que não foram solicitados. A GNR também não foi chamada às operações. Só a 11 de Maio a Protecção Civil efectuou uma busca aérea e a 18 iniciou buscas nos rios da região, incluindo na Barragem do Balsemão, a escassos cem metros do local onde acabou por ser encontrado o carro.
Estiveram envolvidos nas operações 27 mergulhadores e quatro embarcações. O helicóptero voou duas horas. Feitas as contas, as buscas (infrutíferas) da jovem custaram 16 mil euros - 12 mil euros o "heli", 4050 euros os mergulhadores e 400 euros as embarcações.
Alexandre Santos, especialista em buscas e formador da Escola Nacional de Bombeiros, disse ao DN que "em poucas horas, dependendo do tempo, os cães pisteiros, especialmente os treinados pela PSP e GNR, podiam vasculhar uma enorme área de mato. E ilustrou: usar os cães "é como andar no mato, de noite, com uma lanterna".
Jovem teve morte "quase imediata"
Os resultados preliminares da autópsia a Carina confirmaram a tese de acidente, avançada pela PJ, assegurou ao DN fonte judicial que aponta como causa da morte um traumatismo vertebromedular. A jovem terá tido "morte quase imediata". Esta fonte lembrou que o corpo, que foi encontrado preso com o cinto de segurança, sofreu uma queda vertiginosa que provocou um trauma muito grande entre a zona cervical e o crânio.
O IML solicitou exames complementares, justificados com o facto de o corpo "estar em avançado estado de decomposição, o que dificultou a análise". O que obriga a que o caixão esteja fechado na cerimónia fúnebre. O corpo foi autopsiado ontem, em Vila Real, por um especialista em medicina legal enviado do Porto.
Telemóveis podiam dar 'rasto' de Carina
Durante pelo menos três dias, um dos dois telemóveis de Carina Ferreira esteve ligado e a receber chamadas dos familiares e amigos desesperados. Carina não atendeu, mas bastava uma autoridade judicial ter pedido à operadora e esta indicaria a localização aproximada do telefone, garantiu uma fonte do departamento de engenharia de uma das operadoras nacionais. O aparelho emite um sinal que é recebido pela antena mais próxima e isso permitiria circunscrever logo uma área de buscas mais delimitada.
Segundo explicou ao DN um especialista da principal empresa de instalação de antenas, "faz-se uma triangulação, a partir da última chamada, que aponta sempre para uma área de cerca de um km2". O time advanced é o sinal rádio que o telemóvel transmite para iniciar o sincronismo com a estação, e que permite à antena receber a informação do aparelho para autorizar a chamada. Esses registos ficam gravados na antena, mesmo que a chamada não seja atendida.
"Ela esteve sempre perto de nós"
Mãe de Carina não saiu de casa. Avô confessa que "levou um murro no estômago" quando viu o carro da neta na televisão.
A esperança nunca morreu para os familiares e amigos de Carina Ferreira. A notícia da morte da jovem de 21 anos foi um choque para os pais, que ontem receberam a visita de amigos e familiares. Muitos rumaram ao local do acidente, em plena auto-estrada.
"Foi um choque total e o fim da esperança", desabafou, triste, a mãe de Carina. Isabel Ferreira não saiu de casa, onde recebeu a visita de familiares e amigos, durante todo o dia de ontem. Muitos rumavam depois à A24 para ver o local do acidente. Onde "sempre esteve a Carina. Sempre perto de nós". Isabel "acompanhou os pormenores pela televisão e através da polícia", disse ao DN.
Também o avô estava abalado com a perda da neta. Mantinha a esperança de que "tivesse sido raptada e que pudesse estar viva". Catarino Ferreira soube das notícias pelas televisões. "Levei um murro no estômago quando vi o carro", desabafa.
A jovem, que tinha carta há menos de um ano, foi procurada pelos amigos, que não descansaram enquanto não chamaram a atenção do País e das autoridades para o estranho desaparecimento, através do Facebook. A triste notícia abalou toda a região e alimentou as conversas durante todo o dia. Manuel Pereira, do clube de Caça e Pesca do Alto Douro, na Régua, para onde Carina se dirigia na noite fatídica, estava triste mas aliviado. "Era uma grande angústia não sabermos dela."
O corpo esteve em câmara-ardente na Capela de Santa Cruz, em Lamego. O funeral realiza-se hoje às 15.30 para o cemitério local.
Carina Ferreira despistou-se sozinha na A24, sem embater em qualquer outro veículo. É neste sentido que aponta a "primeira perícia" feita ao Peugeot 106 vermelho, feita ontem nas instalações da Polícia Judiciária do Porto, apurou o DN junto de fonte ligada à investigação.
O carro foi peritado para averiguar se "o despiste não terá sido provocado pelo embate de um segundo veículo". Ontem, ao final da noite, a PJ afastou, "numa primeira perícia", a hipótese.
Durante onze dias, a Judiciária desvalorizou a hipótese de que a jovem de Lamego tivesse sofrido um acidente. Apesar de alguns indícios apontarem nesse sentido: a triangulação dos telemóveis reduziu a área das buscas a um quilómetro quadrado, as imagens das câmaras não mostravam o carro no Túnel do Varosa - ponto de passagem obrigatório entre Lamego e Peso da Régua.
Logo no domingo, dia 2 de Maio, quando o desaparecimento foi participado, toda a A24 foi batida por familiares e amigos. Um funcionário da Operscut, que garante a operacionalidade da via, disse ao DN que "um segurança encontrou marcas de pneus no morro, mas, como não viu outros vestígios, julgou tratar-se de um condutor em dificuldades que conseguiu retomar a marcha".
Manuel Pedro, morador em Alvéolos e um dos primeiros a chegar ao local após a descoberta do carro, assegurou que "um dos postes da rede, que estava dobrada no topo, estava partido". Apesar disso, nenhum morador foi interrogado e a PJ nunca accionou meios de buscas terrestres nem cães pisteiros. A Judiciária alega que fez buscas na área, mas o carro estava "numa zona pouco visível".
A coordenadora da equipa da PJ, Helena Monteiro, negou um eventual "facilitismo", na investigação" e assegurou que a área, "onde estava o carro, foi batida e o local onde estava o carro não era visível, mesmo com uma busca aérea". Na segunda-feira a PJ chegou cedo ao local "inconformada" com os resultados da investigação e decidiu "ver o local com mais persistência e recolheu indícios de que o carro estava ali", disse Helena Monteiro ao DN.
Os comandantes dos bombeiros da Régua e de Lamego asseguraram que não foram solicitados. A GNR também não foi chamada às operações. Só a 11 de Maio a Protecção Civil efectuou uma busca aérea e a 18 iniciou buscas nos rios da região, incluindo na Barragem do Balsemão, a escassos cem metros do local onde acabou por ser encontrado o carro.
Estiveram envolvidos nas operações 27 mergulhadores e quatro embarcações. O helicóptero voou duas horas. Feitas as contas, as buscas (infrutíferas) da jovem custaram 16 mil euros - 12 mil euros o "heli", 4050 euros os mergulhadores e 400 euros as embarcações.
Alexandre Santos, especialista em buscas e formador da Escola Nacional de Bombeiros, disse ao DN que "em poucas horas, dependendo do tempo, os cães pisteiros, especialmente os treinados pela PSP e GNR, podiam vasculhar uma enorme área de mato. E ilustrou: usar os cães "é como andar no mato, de noite, com uma lanterna".
Jovem teve morte "quase imediata"
Os resultados preliminares da autópsia a Carina confirmaram a tese de acidente, avançada pela PJ, assegurou ao DN fonte judicial que aponta como causa da morte um traumatismo vertebromedular. A jovem terá tido "morte quase imediata". Esta fonte lembrou que o corpo, que foi encontrado preso com o cinto de segurança, sofreu uma queda vertiginosa que provocou um trauma muito grande entre a zona cervical e o crânio.
O IML solicitou exames complementares, justificados com o facto de o corpo "estar em avançado estado de decomposição, o que dificultou a análise". O que obriga a que o caixão esteja fechado na cerimónia fúnebre. O corpo foi autopsiado ontem, em Vila Real, por um especialista em medicina legal enviado do Porto.
Telemóveis podiam dar 'rasto' de Carina
Durante pelo menos três dias, um dos dois telemóveis de Carina Ferreira esteve ligado e a receber chamadas dos familiares e amigos desesperados. Carina não atendeu, mas bastava uma autoridade judicial ter pedido à operadora e esta indicaria a localização aproximada do telefone, garantiu uma fonte do departamento de engenharia de uma das operadoras nacionais. O aparelho emite um sinal que é recebido pela antena mais próxima e isso permitiria circunscrever logo uma área de buscas mais delimitada.
Segundo explicou ao DN um especialista da principal empresa de instalação de antenas, "faz-se uma triangulação, a partir da última chamada, que aponta sempre para uma área de cerca de um km2". O time advanced é o sinal rádio que o telemóvel transmite para iniciar o sincronismo com a estação, e que permite à antena receber a informação do aparelho para autorizar a chamada. Esses registos ficam gravados na antena, mesmo que a chamada não seja atendida.
"Ela esteve sempre perto de nós"
Mãe de Carina não saiu de casa. Avô confessa que "levou um murro no estômago" quando viu o carro da neta na televisão.
A esperança nunca morreu para os familiares e amigos de Carina Ferreira. A notícia da morte da jovem de 21 anos foi um choque para os pais, que ontem receberam a visita de amigos e familiares. Muitos rumaram ao local do acidente, em plena auto-estrada.
"Foi um choque total e o fim da esperança", desabafou, triste, a mãe de Carina. Isabel Ferreira não saiu de casa, onde recebeu a visita de familiares e amigos, durante todo o dia de ontem. Muitos rumavam depois à A24 para ver o local do acidente. Onde "sempre esteve a Carina. Sempre perto de nós". Isabel "acompanhou os pormenores pela televisão e através da polícia", disse ao DN.
Também o avô estava abalado com a perda da neta. Mantinha a esperança de que "tivesse sido raptada e que pudesse estar viva". Catarino Ferreira soube das notícias pelas televisões. "Levei um murro no estômago quando vi o carro", desabafa.
A jovem, que tinha carta há menos de um ano, foi procurada pelos amigos, que não descansaram enquanto não chamaram a atenção do País e das autoridades para o estranho desaparecimento, através do Facebook. A triste notícia abalou toda a região e alimentou as conversas durante todo o dia. Manuel Pereira, do clube de Caça e Pesca do Alto Douro, na Régua, para onde Carina se dirigia na noite fatídica, estava triste mas aliviado. "Era uma grande angústia não sabermos dela."
O corpo esteve em câmara-ardente na Capela de Santa Cruz, em Lamego. O funeral realiza-se hoje às 15.30 para o cemitério local.
fonte: DN - cópia parcial
1 comentário:
Bombeiro é gente decente. E no V/ caso têm um Grande CMDT. Então porque é que não se atribuiu a propriedade intelectual do texto?
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